Com um quadro de médicos legistas reduzido, o Instituto Médico Legal de Marabá (IML) tem problemas frequentes com familiares e amigos de falecidos para liberação de corpos para velório e consequente sepultamento.
Na manhã desta sexta-feira, 4, na porta da Seccional de Polícia Civil, Wanderleia Santos Silva reclamava que o corpo de seu avô, Gabriel Alves da Silva, de 84 anos de idade, estava retido na geladeira do IML de Marabá desde as 20 horas de quinta-feira e não havia sido liberado para a família realizar o velório e sepultamento. “Os funcionários dizem apenas que não tem médico para analisar e liberar o corpo e nada mais. Não sei mais para quem recorrer”, critica ela, dizendo que outras famílias passam pelo mesmo problema frequentemente.
O avô dela morreu afogado no Rio Preto, próximo à Vila Três Poderes, a cerca de 100 km de Marabá. Ele havia desaparecido de casa, naquela comunidade, no dia 31 de dezembro e só ontem, por volta de 13 horas, os bombeiros conseguiram encontrar seu corpo. “Estamos vivendo um momento de dor, de luto e não posso cuidar da família porque o corpo está aqui, travado no IML. Esse novo governo precisa resolver essa pendência. Isso é uma humilhação, a falta de um médico para assinar um laudo”, criticou.
Procurado pela Reportagem do blog logo em seguida, por volta de 9h40, Domingos Costa Silva, gerente de medicina legal do IML de Marabá, confirmou a falta de médico, ocasionada pelo recente pedido de demissão de dois profissionais que atuavam naquela instituição, restando apenas quatro deles. Assim, quinta e sexta-feira estão descobertos e, em casos como este, ele tenta minimizar o problema recorrendo à ajuda de outros profissionais. “Esse corpo deu entrada ontem a noite, depois das 22 horas. Ressalto que os procedimentos de necropsia são realizados até as 22 horas e hoje não temos médico na escala. O profissional que atenderia hoje pediu exoneração. Já informei os familiares que estou fazendo contato com outros médicos na tentativa de atender essa demanda”, explicou.
Outro profissional que atua no IML de Marabá contou à Reportagem do blog que a falta de médicos ocorre também nos municípios de Tucuruí e Parauapebas. Com isso, quando alguém falece no final de semana, os corpos oriundos desses dois municípios são trazidos para cá, acumulando o serviço para quem está de plantão no sábado e domingo.