Um cacoete brasileiro consiste em responsabilizar a colonização por mazelas do Brasil moderno. Somos o que somos, dizem os que tentam de alguma forma melhorar as coisas, em virtude do nosso DNA. Nosso povo teve origem do que de pior havia em Portugal na época do descobrimento. Como disse o teólogo, humanista, poeta, historiador e polímata holandês Gaspar Barleus, depois retratada na música de Chico Buarque: “Não existe pecado do lado de baixo do Equador”.
Nossos ancestrais portugueses foram os ladrões, assassinos, pilantras, medíocres que habitavam e aterrorizavam Portugal e cujo o Rei os queriam longe da corte. Enviados para a terra recém descoberta, transformaram o país no que é hoje.
Um país cujo o trabalhador se depara com a corrupção, com o desmando político e com a falta de justiça a cada vez que liga a TV, abre um jornal ou acessa um site de notícias.
O Brasil era para os colonizadores o que Parauapebas foi, e ainda é, para a maioria que aqui chegou: a terra prometida.
Uma cidade encrustada no sudeste paraense ao pé da Serra dos Carajás. Um montão de dinheiro circulando oriundo das minas de Carajás e que impulsionava, mês a mês, a balança comercial brasileira. Assim era vista Parauapebas pelo restante dos brasileiros.
Até que Parauapebas começou a frequentar, assiduamente, os noticiários nacionais. Ficou famosa, não pelo alto teor do seu minério de ferro ou pelas divisas que ajudam o país a crescer, mas pela infeliz frase proferida por um de seus mais experientes vereadores. Odilon Rocha de Sanção, em seu quinto mandato, virou viral nas redes sociais e figura escrachada Brasil a fora, ao dizer que, em Parauapebas, um vereador “se não for corrupto, mal se sustenta”.
Pronto, estava decretado o inferno astral do vereador Odilon, ex-líder de governo das três últimas gestões e até então um dos mais respeitados parlamentares que já passaram pela política local.
O historiador Capistrano de Abreu disse certa vez, sobre a política brasileira: “Eu proporia que se substituíssem todos os capítulos da Constituição por apenas um: Todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara.”
O vereador Odilon, me parece, nunca leu essa frase do historiador brasileiro. Pelo contrário, ao vereador Odilon faltou vergonha na cara para usar seus cinco mandatos para melhorar a vida desse povo sofrido dessa rica cidade. Faltou-lhe vergonha na cara ao fazer do seu mandado uma porta de entrada para a corrupção, para os ajeitamentos, para a folia com recursos públicos.
Alguns dirão que ele era um bom vereador. Bom pra quem?
O vereador Odilon foi preso acusado de corrupção, formação de quadrilha e outros crimes lesa pátria. Foi pego com a boca na botija. Foi pego em telefonemas interceptados pela justiça fazendo negociatas. E, pasmem, foi preso em virtude de usar a secretaria que chamava de sua para deixar de pagar mesas, cadeiras e tendas que foram usadas em uma festa de aniversário. Um homem cheio de posses (declarou à justiça eleitoral um patrimônio superior a R$6 milhões em 2012), um homem milionário que, por mesquinhez, por ter certeza da impunidade, por achar que podia tudo, usou um órgão público para deixar de pagar alguns reais.
Serei bem franco. Não desejo o mal a nenhum ser humano, todos merecem o meu respeito e solidariedade, mas o vereador Odilon Rocha de Sanção merece passar o que está passando. Merece porque, acima de tudo, já que pelos crimes de corrupção ativa e passiva, formação e quadrilha e outros tantos, ele será julgado, ele foi burro. Burro a ponto de se deixar ser pego, burro a ponto de incluir seus familiares nesse horroroso capítulo de sua vida política. Vida essa que parece estar perto do fim, já que o Tribunal de Justiça do Estado do Pará lhe concedeu um Habeas Corpus que o liberou da cadeia, mas lhe tirou o que mais gostava de fazer, politicar.
De líder de governos na Câmara de Parauapebas, de político respeitado e procurado para orientar, Odilon será jogado ao ostracismo. Não poderá, sequer, receber seus pares de parlamento em sua residência. Não poderá frequentar nenhum órgão público. Não poderá conversar com nenhum agente público. Um triste fim! É certo que, se tivesse uma bola de cristal, Odilon Rocha de Sanção não teria se metido em política, e, talvez, sua velhice fosse mais sossegada do que será.
Que o inferno astral que o vereador Odilon está passando agora sirva de exemplo para os candidatos à uma vaga na Câmara municipal de Parauapebas no futuro. Que a justiça seja feita, não só para o vereador Odilon, mas para todos que usam da política para se dar bem.
6 comentários em “Faltou vergonha na cara!”
Que servirá para os postulantes, com certeza!!!
Mas continua faltando vergonha na cara de nossos empresários, em especial alguns que foram protestar na Câmara contra a corrupção. No governo anterior ( Darci ) deitaram e rolaram. Teve empresário que na época do Darci, metaforicamente, vendia pão na farmácia, carne na padaria e por aí vai. Hoje vestem a carapuça da honestidade e, pasmem, ainda dá declaração à imprensa, reclamando da situação atual.
Rapaz, você é um vendido e não tem moral pra falar de ninguém. Você e Odilon são farinha do mesmo saco
Parabéns!
Os políticos desta cidade devem tomar como exemplo a punição desse Ódilon e buscarem de alguma forma honrar e deixar um verdadeiro legado para o cidadão paraupebense.
Quanta besteira!
Raciocínio perfeito. Não acrescentaria uma reticência, ainda que esta história não tenha chegado ao seu ponto final.