Internado no Hospital Municipal desde a madrugada de domingo (1º), com traumatismo craniano, morreu na manhã desta terça-feira (3) o mecânico Marcone Pereira de Alencar, 36 anos. Segundo a Polícia Militar, ele se jogou de um veículo policial quando estava sendo conduzido para a 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil, depois de ter se envolvido em uma briga de família e, agredido um vigilante de empresa privada em meio à confusão.
A família de Marcone Alencar, entretanto, não aceita essa versão para a morte dele e já está se movimentando a fim de procurar a Justiça do Pará a fim de punir os responsáveis, caso as investigações da Polícia Civil apontem que houve um crime.
A mulher de Marcone, Simone de Jesus Moraes Mota, culpa também o hospital, ao afirmar que ele ficou desde o momento em que deu entrada na casa de saúde, por volta de 1h de domingo, até as 8h, aguardando uma tomografia para que fosse verificado se houve realmente traumatismo craniano, quando, segundo ela, os próprios profissionais que o atenderam, ainda na madrugada, já haviam constatado a lesão.
O caso iniciou, segundo relato dos familiares do morto, quando, durante uma reunião em família, o mecânico se desentendeu com um sobrinho, que também era empregado dele, tendo um bate-boca evoluído para a luta corporal.
Ainda de acordo com as testemunhas, outros parentes se envolveram e trataram de apaziguar os ânimos, separando tio e sobrinho, que ainda estavam bastante exaltados.
No momento, uma dupla de vigilantes de uma empresa privada passava pela rua e um deles decidiu entrar na casa para verificar o que estava acontecendo. Mesmo ouvindo a explicação dos familiares de Marcone, de que a situação já estava controlada, o guarda noturno insistiu na intromissão, acirrando novamente o estado de tensão, acabando por ser agredido pelo mecânico.
O vigilante, então chamou a PM, que se dirigiu ao endereço, dando voz de prisão a Marcone Pereira de Alencar pela agressão. Por não ter reagido, o mecânico não foi algemado e foi conduzido para a DP no banco do carona.
Simone de Jesus Mota, que saiu logo após a Polícia Militar, já se deparou com o marido no chão, sendo em seguida removido por uma ambulância do Samu para o hospital público, onde morreu nesta terça-feira.
Família diz que vai levar o caso à Justiça
Ouvido pela Reportagem, Marcos Pereira de Alencar, que é vereador em Augustinópolis (TO) e irmão de Marcone, disse não acreditar na história da guarnição. “A gente não aceita isso. Pedimos justiça, não podemos deixar essa situação impune. Meu irmão jamais pularia da viatura”, disse ele, aos prantos, afirmando: “Nós estamos chateados com uma versão dessas Se aconteceu algo na viatura, se a polícia fez alguma coisa com ele, eles precisam pagar por isso, precisam ser responsabilizados”.
Uma irmã de Marcone afirmou que o mecânico nem sequer tinha raladuras no corpo. “Não tem um membro fraturado, um ferimento, nenhuma raladura. Só a marca de uma pancada muito forte no lado direito do rosto, um hematoma muito grande”, disse ela.
Comandante afirma que tudo está sendo apurado Também procurado pela Reportagem, o major Gledson Melo dos Santos, comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar, disse que o caso está sendo apurado com rigor: “Já foi aberto inquérito para apurar detalhadamente os fatos. Vamos verificar as provas, acompanhar a apuração, verificar imagens de câmeras [de monitoramento, das redondezas], ver os laudos e acompanhar a investigação da Polícia Civil. A PM também está investigando e tudo será levantado”, afirmou o oficial, salientando que no momento “ainda não dá para afirmar nada”,
(Caetano Silva)