O proprietário da fazenda, Mauro Mutran, se reúne nesta terça-feira (25), com o general Jeannot Jansen, titular da Secretaria de Secretaria estadual de Segurança Pública (Segup). A medida foi tomada depois que a fazenda sofreu dois ataques no domingo (23). Ele alega ter sofrido um prejuízo de mais de R$ 1 milhão. “Só vamos tentar retornar com os funcionários depois da reunião com o secretário de Segurança do Estado para saber quais serão as providências que o governo vai tomar para que a gente possa retomar nossas atividades”, relata Mutran.
Segundo testemunhas, cerca de 60 criminosos atearam fogo na sede da propriedade, destruíram tratores, baias do curral, balearam um vigilante e levaram o que quiseram da propriedade. Um ataque ocorreu de madrugada e outro de tarde. No primeiro ataque, eles balearam um segurança da fazenda.
O delegado Alexandre Silva, da Delegacia de Conflitos Agrários (Deca), de Marabá, disse que a invasão e a depredação da fazenda foram retaliação após a Justiça ter determinado a retirada de um grupo de sem-terra do local, por meio de mandado de reintegração de posse. Para ele o que aconteceu na Fazenda Mutamba foi um “ataque covarde”.
Ainda no domingo, o Sindicato dos Produtores Rurais de Marabá (SPRM) emitiu nota sobre o ocorrido na Fazenda Mutamba e atribuiu o ataque a integrantes de movimentos sociais denominados “sem terra” e afirmou que “ocorrências dessa ordem causam enorme desequilíbrio em nossa sociedade, pois seus efeitos vão muito
além da ofensa praticada diretamente contra o produtor rural”.
MST diz que não é responsável pelo ataque à fazenda
Em nota à Imprensa, o MST Pará reiterou que não é responsável pelas ocupações realizadas na Fazenda Mutamba: “O MST tem um método claro de fazer a luta pela terra e pela reforma agrária. Se pauta pelo processo de organização dos trabalhadores/as rurais sem terra, pela ocupação e pelo diálogo com os governos para fazer valer uma verdadeira política de reforma agrária popular neste país”, diz a nota.
Ainda segundo o documento, o governo federal e estadual tem conhecimento das áreas que estão vinculadas ao MST no Pará, pelo fato de que uma das primeiras ações após o ato de ocupar determinado latifúndio é comunicar ao poder público sobre a existência daquele acampamento. “Diante da insistência por parte de determinados setores, em vincular na mídia regional a responsabilidade do MST nessas ocupações e a não divulgação da nossa versão sobre os fatos ocorridos, chegamos à conclusão que há uma decisão deliberada em criminalizar o MST e suas famílias, como vêm ocorrendo nessa conjuntura de golpe contra os trabalhadores. A nossa pergunta é qual a finalidade em querer associar-nos com essas ações que mais se caracterizam em práticas de vandalismo?”, questiona o MST.