“Da última vez que os ladrões entraram em minha propriedade, roubaram 18 vacas. Eles sempre prendem o vaqueiro e levam o gado. O ladrão pode até ser preso, mas é solto 24 horas depois. Estamos sem esperanças, sem saber o que fazer. Antigamente o prejuízo era na rua, agora é na zona rural”. Esse é desabafo de um dos fazendeiros que participaram da reunião promovida pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Parauapebas (Siproduz), com autoridades públicas, realizada na última quinta-feira (23), com o objetivo de reivindicar mais segurança para a zona rural do município.
De acordo com os produtores rurais, o aumento da violência na zona rural tem sido fomentado pela grande quantidade de carne clandestina comercializada em Parauapebas. “Todo dia entra um caminhão de carne clandestina aqui. E impossível ser competitivo dessa forma”, alegou o dono de um frigorífico da cidade.
A reunião foi realizada no auditório da Associação Comercial e Industrial de Parauapebas (ACIP) e contou com as presenças do deputado Gesmar Costa, do Delegado Geral da Polícia Civil do Estado, Rilmar Firmino, e dos vereadores Horário Martins e Joelma Leite. O grupo cobrou mais efetividade dos órgãos fiscalizadores a nível municipal e estadual. As autoridades se comprometeram em buscar reforço dessas ações.
Com relação à fiscalização, a coordenadora da Vigilância Sanitária em Parauapebas, Vanessa Cristian dos Anjos esclareceu que não compete ao departamento o acompanhamento de frigoríficos e abatedouros, apenas a fiscalização dos estabelecimentos que comercializam a carne direto para o consumidor, como os açougues e supermercados.
“Nós verificamos as condições sanitárias do estabelecimento e também a procedência da carne. Abatedouros e frigoríficos clandestinos são casos de polícia, não compete à Vigilância sua fiscalização. O que facilita muito nosso trabalho são as denúncias, porém, ainda são poucas pois a população tem preferência por comprar carne clandestina, em função do menor preço, e ainda se revolta contra o nosso trabalho quando fazemos a apreensão de produtos com origem clandestina”, relatou Vanessa Cristian.
De acordo com os produtores rurais e também com a Vigilância Sanitária, os açougues da Vila Palmares são os que mais comercializam carnes clandestinas. O operador de máquinas pesadas, Hybraim Teixeira, diz que vale a pena sair do seu bairro, Populares I, para ir comprar carne na localidade: “pego minha moto e vou na Palmares, o gasto que eu tenho com gasolina compensa pelo preço que eu compro a carne lá. E muito mais barata. Eu faço um estoque no meu freezer”.
“Trabalhar na legalidade é muito difícil. Eu não consigo praticar um preço competitivo por conta dos impostos e outros custos que tenho, e pegar a carne de frigorífico é mais caro, não tem jeito de evitar esse repasse para o consumidor”, afirma Diego Novaes de Lacerda, que adquiriu há quatro meses um açougue localizado no bairro Novo Horizonte. “Ainda assim, eu prefiro pegar com o frigorífico por conta da segurança. Lá eles matam o animal, depois limpam e passam um jato de água quente e depois outro de água fria para matar as bactérias, em seguida vai tudo para a câmara fria”, acrescentou o empresário.
O consumo de carnes que não recebem o devido tratamento pode gerar doenças graves, tais como a neurocisticercose, que ocasiona cegueira e problemas neurológicos. Tuberculose e brucelose também podem ser transmitidas pela carne, conforme informações repassadas pela coordenadora da Vigilância Sanitária.
“É muito importante que o consumidor verifique a marca do Serviço de Inspeção Municipal (SIM) na carne, isso garante a sua procedência. E, qualquer suspeita de estabelecimento comercial que esteja vendendo carne clandestina, por exemplo, quando o produto para abastecer o comércio chega mas não veio em caminhão baú refrigerado, já é um indicador de que aquela carne não está dentro do padrão. As denúncias facilitam muito o nosso trabalho e podem ser feitas pelo telefone da Secretaria de Saúde, 3346-1020, no ramal da Vigilância Sanitária”, reforçou Vanessa Cristian.
1 comentário em “Fazendeiros denunciam aumento da violência na zona rural e comercialização de carne clandestina em Parauapebas”
Único frigorífico habilitado e particular e faz monopólio praticando preço que bem entender tanto para os acougues quanto para quem produz como pequenos produtores rurais. Os grandes produtores que aí estão presente fornece seus bois para outros frigoríficos e os que vende para frigovam são s pequenos e medios.Diante disso e necessário criar alternativas como matadouro municipal para que pequenos abater seus animais dentro dá legislação e a um custo mais baixo. Engraçado é vigilância que órgão fiscalizador tem como coordenador pessoa com parentesco com principal interessado no processo. O monopolizador.