Do Valor Econômico
A Jari Celulose, que pertence ao grupo Orsa, vai reduzir a capacidade instalada da fábrica de Monte Dourado (PA) em cerca de 40%, na esteira da conversão da unidade para produção de celulose solúvel. Hoje, a empresa pode produzir até 410 mil toneladas por ano de fibra de eucalipto. Mas o projeto de transformação que será implementado no ano que vem prevê volumes anuais de 250 mil toneladas, apurou o Valor.
A Jari vai encerrar definitivamente, em 15 de janeiro, a produção de celulose de eucalipto e deve retomar a operação na unidade em um período de 14 meses ou 18 meses. Nesse tempo, a fábrica do Vale do Jari, região amazônica entre os Estados do Pará e do Amapá, ficará paralisada. A decisão foi motivada pelos prejuízos acumulados nos últimos anos pela unidade, de baixa escala e alto custo.
O prazo de suspensão das atividades leva em conta o cronograma de adaptação industrial ao novo produto e de recomposição das fontes de madeira que abastecem a unidade – hoje, o insumo é insuficiente para manter a operação. A conversão para celulose solúvel e a menor capacidade instalada reduzirão o consumo absoluto de madeira da fábrica, o que contribuirá para reequilibrar essa relação.
O Valor apurou também que a Jari já está negociando a compra dos equipamentos para produção de celulose solúvel. Com escala de 250 mil toneladas, a empresa terá fôlego para competir globalmente com as grandes do setor, segundo uma fonte da indústria.
A título de comparação, a terceira maior produtora mundial é a Bahia Specialty Cellulose (BSC), da indonésia Sateri International, que fica em Camaçari (BA) e pode produzir anualmente 485 mil toneladas. Em termos globais, a capacidade instalada da indústria em 2011 era de 5,4 milhões de toneladas de celulose solúvel, que pode ser usada nas indústrias de alimentos (na capa de salsichas, por exemplo), farmacêutica (em cápsulas de medicamentos) e têxtil (na fabricação de viscose).
Segundo fontes do setor, uma das alternativas para execução do projeto em análise pelo grupo Orsa contempla a entrada de um sócio, disposto a executar um investimento de US$ 100 milhões.
Por meio de assessoria de imprensa, a Jari confirma a paralisação da unidade paraense a partir de janeiro – o que já foi oficializado pela empresa junto a trabalhadores e clientes -, porém nega as demais informações.