Até o próximo domingo, 30/6, mais de 10 mil pessoas devem passar diariamente pela arena junina montada na Praça do Pescador, no Núcleo Pioneiro, em Marabá. Declarado patrimônio imaterial do Pará e do município, o Festejo Junino de Marabá conta este ano com 40 agremiações que disputam o campeonato de quadrilhas nos grupos A e B e de bois-bumbás.
No palco, cada detalhe conta na avaliação dos jurados, como figurino e desenvoltura dos brincantes. Por isso, os grupos se dedicam por meses até as noites de apresentação pública, intensificando a rotina de ensaios à medida que a programação se aproxima. O trabalho é realizado em muitas frentes, desde a escolha do repertório musical até a montagem da coreografia e a criação dos figurinos.
Na quadrilha “Balão de Chita”, o jovem aprendiz João Vitor Dias, de 18 anos, é um dos responsáveis pela produção dos arranjos de cabelo e chapéus. Morador do bairro Francisco Coelho, na Marabá Pioneira, nos últimos meses, ele participou dos ensaios quatro vezes por semana na Estação Conhecimento Marabá, no núcleo São Félix.
“A experiência, para mim, é das melhores. Além de me descobrir mais, de achar algo que eu goste muito de fazer, é algo que me deixa feliz, que me faz passar o tempo. E, também, ver algo finalizado, prestes a ser usado, é muito bom”, comenta João.
O amor pela única junina representante do núcleo São Félix no Grupo A levou outros membros da família de João para a Arena Z-30 nesta segunda-feira, 24/6, quando a “Balão de Chita” fez a sua primeira apresentação no 37º Festejo Junino de Marabá. “Meu primo Maximus também é dançarino e ajuda no elenco, e minha mãe Daiane não perde uma apresentação, seja organizando os dançarinos ou a torcida”, complementa o jovem.
Espetáculo derruba estereótipos sobre Nordeste com história de amor
Atualmente, a “Balão de Chita” reúne 110 brincantes, entre crianças, jovens e adultos. A maioria deles já foi ou é atendido pela Estação Conhecimento Marabá, espaço mantido pela Fundação Vale que oferece atividades de educação, cultura e esporte no contraturno escolar.
O grupo foi criado a partir de oficinas de danças populares realizadas pela instituição para os festejos juninos internos. Em 2016, participou pela primeira vez da programação oficial de São João do município. Três anos depois, em 2019, a quadrilha conquistou o título de campeã do Grupo B e, em 2023, ficou entre as cinco melhores do Grupo A.
Agora, em 2024, a “Balão de Chita” traz para os espetáculos o tema “O sertão é mar”. O pano de fundo para derrubar estereótipos sobre o Nordeste, especialmente relacionados ao clima e à economia da região, é a história de amor entre Ângela e Cícero. Ele, um sertanejo apaixonado pela região natal; ela, uma retirante nordestina apegada às facilidades da cidade grande. Mas, graças aos festejos de São João, a percepção de Ângela sobre o sertão muda e, assim, a relação do casal se torna possível.
“A gente percebe que o sertão sempre é mostrado muito a partir da realidade da seca, miséria e fome. Todo aquele clichê. Mas a gente sabe que o sertão é um mar de oportunidades, um mar de cultura popular, e o tema tem muito a ver com isso, com essa riqueza. E está trazendo muitos elementos da cultura nordestina, como as manifestações populares, além de muita dança e música”, explica o coordenador de Cultura da instituição, Deyvid Borges.
Preparação dura mais de seis meses
Da definição do tema do espetáculo até a apresentação, a quadrilha “Balão de Chita” se prepara por mais de seis meses. Nesse período, além dos ensaios, os integrantes participam de oficinas para aprender a confeccionar cada item usado pelos brincantes. Quando já conhecem como é a produção de determinado material junino, aproveitam a oportunidade para aprimorar as técnicas, como fez Ana Paula Alves, de 21 anos, que participou de um curso de maquiagem e atualmente integra essa área do elenco.
“A maquiagem é um dos elementos mais importantes da produção e existe todo um processo para criá-la. Eu vou estudando técnicas e procurando inspirações para que possamos fazer um belo trabalho e, também, vou em busca da cor do figurino e acessórios, como os arranjos, para que tudo combine”, explica.
As lições aprendidas para o espetáculo extrapolam os limites da Arena Junina e vão além do aprendizado sobre identidade regional. No caso de Ana Paula, por exemplo, o curso de maquiagem hoje gera renda extra para ela
Sobre a Estação Conhecimento Marabá
Mantida pela Fundação Vale, com apoio da Vale e de outros parceiros, a Estação Conhecimento Marabá é um espaço dedicado ao atendimento integral de famílias do núcleo São Félix e arredores. A instituição promove atividades gratuitas nas áreas de educação, saúde, esporte, cultura e assistência psicossocial, alinhadas às políticas públicas. O trabalho é realizado por equipes multiprofissionais, em conjunto com a rede intersetorial de Marabá.
Sobre a Fundação Vale
Criada há mais de 50 anos, a Fundação Vale busca contribuir com o desenvolvimento social nos territórios onde a Vale atua, por meio do fortalecimento de políticas públicas e da atuação conjunta com instituições parceiras, somando esforços para transformar a realidade dos públicos atendidos pelos programas. Para mais informações, acesse www.fundacaovale.org.
(Ascom Vale. Foto: Jordão Nunes)