Festival de Cinema movimenta Parauapebas

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A semana que passou foi dedicada ao cinema, no sudeste do Estado. Durante cinco dias, de 10 a 14 de novembro, o Curta Carajás – Festival de Cinema de Parauapebas exibiu filmes nacionais e ofereceu oficinas gratuitas.

A sala de exibição mais próxima da sede do município fica a quase 30 km de distância, no Núcleo Urbano de Carajás, o que dificulta o acesso da maioria da população, como o funcionário público Manoel do Socorro. “Não podemos perder essas oportunidades, porque gostamos muito de cinema e aqui não temos um. Então, aproveitamos para trazer as crianças e assistir aos filmes”, diz.

Além da Mostra Competitiva, duas mostras paralelas fizeram parte da programação. A Mostra Labirinto, organizada pelo Labirinto Cinema Clube, exibiu documentários. Já a Mostra ABDeC, foi preparada pela Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas do Pará e levou ao público ficções, e animações paraenses.

Homero Flávio, presidente da ABDeC-Pará, ressaltou a importância do festival e o interesse em expandir as ações da associação para o interior: “Esse trabalho promovido pela secretaria é muito importante e Parauapebas pode se tornar um pólo de produção audiovisual. A ABDeC está à disposição para auxiliar no que for preciso”, afirmou.

Para o Secretário Municipal de Cultura, Cláudio Feitosa, o festival é o início de um trabalho estruturante na área do audiovisual. “Esse é apenas o primeiro passo, teremos ações continuadas de formação e fomento à produção de cinema durante os próximos anos. Queremos nos tornar uma referência regional nesse sentido”.

COMPETITIVA

Mais de 140 curtas-metragens, de dezesseis estados brasileiros, foram inscritos na Mostra Competitiva do Curta Carajás. Destes, 48 foram selecionados para a exibição e concorreram aos prêmios de melhor curta-metragem, melhor roteiro, melhor montagem e melhor curta-metragem eleito pelo voto popular.

“O número de inscrições e a qualidade dos filmes superou as nossas expectativas, por ser o primeiro festival. Ficamos felizes com a participação dos produtores e principalmente do público, que compareceu em massa à Praça de Eventos”, afirmou Ivan Oliveira, coordenador do festival.

Quem levou o prêmio de melhor curta-metragem foi o filme “Brasília (título provisório)”, do diretor J. Procópio. Além do troféu, o diretor recebe a quantia de R$5.000,00 por ter vencido o festival. “Para pedir perdão”, de Iberê Carvalho, venceu na categoria de melhor roteiro e recebe o valor de R$ 3.000,00.

O curta “Quarto 38”, de Thomas Hale, teve a melhor montagem e leva o prêmio de R$ 2.000,00. Além disso, o filme ficou empatado na votação popular com “Pronta Entrega”, dirigido por André Migueis. Os dois dividem a premiação de R$ 2.000,00.

O Júri Técnico, formado por Pedro Novaes (GO), Yuri Vieira (GO), Bruno Assis (PA) e Homero Flávio (PA), ainda concedeu menções honrosas a dois documentários. Uma delas foi para “A casa dos mortos”, dirigido por Débora Diniz, a outra, para “Fractais Sertanejas”, de Heraldo Cavalcanti.

A organização do festival concedeu sete menções honrosas. O curta “Pronta Entrega” recebeu uma delas. As outras seis, foram destinadas aos filmes exibidos na mostra local: “Minério que vai, gente que fica”, “Curta a Vida”, “Curva do S: o relato de um massacre”, “Luiza até o fim”, “Caminhos da Luta” e “Riacho Doce: o limite entre o risco e a sobrevivência”.

Os troféus e os prêmios em dinheiro serão enviados aos produtores que não estavam presentes no festival.

OFICINAS

Além da exibição e premiação dos filmes, foram oferecidas gratuitamente oficinas de Roteiro e Direção, Produção, Fotografia e Edição. As oficinas ocorreram de 11 a 13 de novembro no Centro Universitário de Parauapebas – CEUP.

“É possível fazer bons filmes, trabalhando com pouco orçamento. Mas, para isso, é necessário que se conheça muito bem as técnicas de produção cinematográfica e se trabalhe com um bom planejamento”. Foram as palavras de Pedro Novaes, instrutor da oficina de produção e presidente do Júri Técnico do festival.

A partir da experiência das oficinas, surgiu a ideia da criação de um núcleo de produção audiovisual, que terá o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com a ABDeC- Pará e o Labirinto Cinema Clube. A intenção é oferecer uma formação continuada para os participantes das oficinas e interessados no assunto. A primeira reunião ficou marcada para o dia 28 de novembro, às 14h, no CEUP.

PONTO ALTO

A exibição do documentário “Mataram Irmã Dorothy”, de Daniel Junge, foi um dos momentos mais esperados do festival. O filme trata do assassinato da freira americana Dorothy Stang, de 73 anos, morta no Pará em 2005. Ele revela os bastidores do julgamento e investiga as razões da morte de Dorothy.

Uma estrutura externa à sala de exibição foi montada para que fosse possível acomodar o público, que assistiu atento até o final. O festival foi encerrado com o show da banda La Pupuña, que veio de Belém do Pará e tocou até as duas da manhã.

TEXTO: DIEGO PAJEÚ