São Pedro começou o mês de fevereiro abrindo as comportas. Desde a madrugada desta quinta-feira, dia 1º, Marabá recebeu um “dilúvio” que inundou dezenas de ruas, centenas de residências e comércios em vários bairros da cidade.
Os bairros Liberdade e Folha 29, na Nova Marabá, foram os mais castigados, com alagamentos que permanecem mesmo depois que a chuva diminuiu. A Prefeitura precisou colocar de plantão dez equipes da Defesa Civil para resolver pontos de alagamentos e permitir que a água escoasse com mais velocidade.
Além dos bairros já citados, também houve alagamentos em diversas ruas do Belo Horizonte, Laranjeiras, Folha 33, Folhas 28, km 7 e São Félix.
A dona de casa Silvia Lurdes Guedes, residente na Avenida Antônio Vilhena, 1.472, disse que só este ano sua residência já foi inundada por água de chuva seis vezes, tendo perdido sofá, colchão e até uma geladeira. “Dessa vez já fiz um jirau permanente. A gente sofre aqui toda vez que começa a chover. Antigamente, esses alagamentos não aconteciam”, desabafa a mulher.
Procurada pela Reportagem, a Prefeitura de Marabá, por meio da Assessoria de Comunicação, reconhece que os problemas da Antônio Vilhena, na Liberdade, Folha 29 e Avenida Manaus, no Belo Horizonte, são crônicos, e ressalta que apenas no verão terá condições de refazer o sistema de escoamento de águas pluviais com bueiros mais amplos.
A Estação Meteorológica de Marabá registrou 103 milímetros de chuva desde a madrugada desta quinta-feira, com incidência maior até as 7 da manhã, quando choveu 58,2 milímetros. Depois, a chuva foi diminuindo aos poucos, até ficar “serenando” por volta de 10 horas.
Incidência de raios
Com as fortes chuvas e rajadas de ventos, também é recorrente a incidência de descargas elétricas neste período do ano, como aconteceu na madrugada desta quinta-feira. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), raios ganham maior intensidade primeiro nas regiões sul, sudeste e sudoeste do Pará.
De acordo com dados da Agência Nacional de Águas (ANA), o mês de janeiro registrou até o dia 26 a marca de 163,4 mm – volume 36% da média esperada para os primeiros 30 dias do ano, que seria 254,2 mm.
Apesar de ser um volume abaixo do esperado, para os meses de fevereiro e março os volumes serão intensificados. Respectivamente, o mês do carnaval pode chegar a marca de 273,5 mm, enquanto o mês seguinte registrará quase o dobro, com 435,8 mm.
Para a meteorologista Gláucia Gomes, o aumento de chuvas está diretamente ligado ao fenômeno conhecido como La Niña, que, oposto ao El Niño, consiste na diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental, causando mudanças no clima.
“Em dezembro de 2017 os modelos de previsão apontavam para a chance de configuração do episódio La Niña no trimestre janeiro, fevereiro e março de 2018, com chances de ocorrência até abril de 2018. Esse padrão favorece o aumento de chuva em parte da região norte do Brasil. Neste mês de janeiro os modelos indicam que este episódio frio persiste ao longo do pacífico equatorial, provocando anomalias negativas na temperatura da superfície do mar”, explicou.