“Menino! É fila que não acaba mais!”. Foi essa a expressão empregada por José Francisco Raiol, ao chegar, sob fina chuva, por volta das 8h30 desta sexta-feira (23), ao Fórum Eleitoral de Marabá, na Folha 16. Acompanhado do amigo Olávio Batista. Ele ficou no “rabo da fila”, mas não demorou muito tempo nessa posição. Em menos de um minuto, outras pessoas continuavam chegando e Raiol já não era mais o último. Tem sido assim o movimento naquela repartição pública, desde janeiro, quando passou a circular a informação equivocada de que eleitor de Marabá que não fizer o cadastro biométrico não vota em outubro próximo.
Segundo Francinete Castelo Branco, chefe do Cartório Eleitoral da 23ª Zona, o movimento, tanto na repartição dela quanto na 100ª Zona, que abrange também o eleitorado de Nova Ipixuna e de Bom Jesus do Tocantins, até setembro do ano passado era normal, com as pessoas, desde 27 de setembro, regularizando a situação eleitoral, fazendo alistamento eleitoral e transferindo o domicílio.
Com a notícia do cadastro biométrico se espalhando rapidamente, em fevereiro o movimento aumentou além do esperado. Na época, os cartórios passaram usar o sistema de senhas, distribuindo 100 por dia, número que hoje já chega a 600 diariamente.
Em verdade, para os eleitores de Marabá, que hoje somam 159.517 – conforme os últimos números do TSE -, o cadastro biométrico não é obrigatório para as eleições deste ano. “Aqui em Marabá o cadastro biométrico só será obrigatório a partir das eleições de 2020. E pode ser feito a partir de novembro deste ano”, esclarece Francinete Castelo Branco.
Porém, para os eleitores de Bom Jesus do Tocantins, em número de 11.248, e Nova Ipixuna, com 11.507 votantes, é obrigatório já para as eleições de 7 de outubro deste ano. O prazo para o cadastro biométrico vai até 9 de maio, conforme o Calendário Eleitoral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), por isso, a corrida de eleitores desses dois municípios ao Cartório da 100ª Zona, em Marabá, aumentou.
Porém, de acordo com Francinete, equipes enviadas de Belém, pelo TER-PA (Tribunal Regional Eleitoral) do Pará, chegarão aos dois municípios em meados de abril, a fim de acelerar o atendimento para que todos os eleitores sejam cadastrados a tempo.
Quanto aos eleitores de Marabá, até ontem (22), apenas 10,07% deles, aproximadamente 16 mil, haviam feito o cadastro biométrico, o que mudou bastante a rotina do Fórum Eleitoral nos últimos três meses. “No início tínhamos cinco máquinas para o cadastramento biométrico, duas apresentaram defeito, ficamos com três. Em fevereiro voltamos a ter as cinco funcionando e recebemos mais 15. Hoje são 20 máquinas”, detalhou Francinete.
O horário e o número de funcionários também foram ampliados. Antes o expediente era de 8h às 14h, mas, atualmente, vai até 17h; de cinco funcionários, com a cessão de servidores pela Prefeitura de Marabá, o quadro passou para 30 e até 9 de maio as filas tendem a aumentar.
Atualmente, enquanto as equipes do TRE-PA não chegam às duas cidade, a prioridade de atendimento é para os eleitores de Nova Ipixuna e Bom Jesus.
Oportunidade
Em tempos de crise e falta de emprego, as filas se transformaram em um bom negócio também para vendedores de lanches, água mineral, cafezinho, sorvete e picolé. “Rapaz, daqui até 9 de maio ainda tem muito chão. Ainda vou vender lanche pra caramba”, comemora Altair Lima, que vende, numa caixa térmica, sanduíches de queijo e mortadela e fatias de pizza.
Ao lado dele, Manoel Aurélio vende biscoitos e “refri”, como chama, e também diz que está ganhando “um bom dinheirinho extra”. Hoje o movimento tá fraco, porque tá caindo esse chuvisco. Mas, nos dias de calorão, como ontem, tenho de reabastecer a caixa”, conta.