De 2023 para 2024, a quantidade de veículos em circulação no Pará saltou de 2,627 milhões para 2,81 milhões de unidades, maior aumento da história. Houve incremento de aproximadamente 183 mil veículos ao logo do ano passado, crescimento quatro vezes superior ao aumento da população paraense, que recebeu ou viu nascer cerca de 47 mil novos habitantes no período.
Essas e outras informações fazem parte de um levantamento inédito realizado com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados consolidados de 2024 da frota dos municípios brasileiros, números estes recém-divulgados pelo Ministério dos Transportes.
O grande destaque da frota paraense são as imparáveis motos, que saltaram de 1,41 milhão de unidades em dezembro de 2023 para 1,533 milhão em dezembro de 2024, perfazendo crescimento de 8,7%. As motos, vale destacar, já respondem por 54,6% dos veículos em circulação no estado. Já o número de carros de passeio subiu de 739 mil para 765 mil unidades no mesmo período, aumento de 3,5%, enquanto caminhonetes e afins juntas passaram de 263 mil para 282 mil, crescimento de 7,2%.
Em nível municipal, Belém, metrópole com 1,4 milhão de habitantes, contabiliza 561 mil veículos e é a 19ª maior praça de frota do Brasil. Ainda assim, a capital paraense tem menos veículos em circulação que municípios interioranos menos populosos, como Campinas (992 mil) e Ribeirão Preto (600 mil), localizados no interior de São Paulo, assim como os igualmente paulistas Guarulhos (820 mil), São Bernardo do Campo (652 mil) e Santo André (594 mil), localizados na região metropolitana da capital paulistana. Capitais menores, como Campo Grande (710 mil veículos) e Teresina (592 mil), também estão à frente de Belém no quesito frota.
Destaques do estado
Além da capital, cinco municípios paraenses já romperam a marca de 100 mil veículos: Ananindeua (193 mil), Marabá (159 mil), Parauapebas (148 mil), Santarém (141 mil) e Castanhal (110 mil). Por outro lado, sete localidades não contam sequer com 500 veículos atualmente, por serem locais ribeirinhos, muito pobres e de difícil acesso, a maioria localizada na região do Marajó. São eles: Bagre (457 veículos), Melgaço (416), Aveiro (373), Santa Cruz do Arari (256), Faro (173), Chaves (34) e Afuá (12).
Dos 144 municípios paraenses, as motocicletas juntamente com as motonetas são maioria em 133 (92% do total). E levando em conta todos os tipos de veículos, elas são maioria em 142 dos 144: só em Belém e Afuá os carros de passeio ainda superam as motos — mas Afuá é um caso à parte porque toda a frota local de 12 unidades é praticamente pertencente à prefeitura.
Nas cidades de Anajás (94,74%), São Sebastião da Boa Vista (94,48%), Gurupá (92%), Muaná (91,3%), Curralinho (90,57%) e Limoeiro do Ajuru (90,48%), as motocicletas e motonetas já são nove em cada dez veículos em circulação. A menor representatividade dos veículos de duas rodas é encontrada nas cidades de Afuá (33,33%), Belém (37,99%), Ananindeua (42,53%), Santarém (44,21%) e Garrafão do Norte (44,92%).
6 paraenses em ranking
Na lista dos 100 municípios com maiores frotas, só mesmo Belém (19º) e Ananindeua (93º) marcaram presença no ano passado. Porém, quando o assunto é o incremento líquido da frota, mais cidades paraenses foram convidadas para o “jantar de gala”, sendo liderados pela capital, que aumentou a frota em quase 28 mil unidades ao longo de 2024 e se tornou o 11º maior mercado de aquisição de veículos zero quilômetro, no ranking liderado por São Paulo (288 mil novos veículos), Curitiba (87 mil), Rio de Janeiro (84 mil), Brasília (81 mil) e Belo Horizonte (76 mil).
Ananindeua, com incremento de 14,5 mil veículos na frota, ocupou a 34ª posição nacional, seguida pelas cidades de Parauapebas e Marabá, cada uma das quais com adição de 9,3 mil veículos, em empate técnico nas 69ª e 70ª posições, respectivamente. Castanhal, com 8,3 mil (81ª colocação) e Santarém, com 7,5 mil (92º lugar), fecham a participação do Pará no “ranking dos 100+”, que quase teve Canaã dos Carajás, com seu volume de 6,7 mil novos veículos em 2024, ocupando a 104ª posição no Brasil.
Canaã é líder nacional
O município de Canaã dos Carajás teve maior aumento proporcional de frota do Brasil no segmento das localidades com mais de 10 mil habitantes — e só não foi efetivamente o maior do Brasil devido às falcatruas em outras localidades para aquisição de veículos populares com placa de táxi, o que se tornou alvo de investigação do Ministério Público em todo o país, sobretudo no Maranhão, onde a prática é comum.
Apenas em 2024, o aumento de veículos em circulação na Terra Prometida foi de 21,18%, mais de três vezes acima o registrado em Marabá (6,19%) e Parauapebas (6,68%), que estão entre as cidades com mais de 200 mil habitantes que lideram o crescimento de frota no país. Com apenas 90 mil moradores, a frota de Canaã cresce em ritmo muito mais acelerado que uma capital como Vitória, que tem quatro vezes mais moradores, ou uma cidade rica e desenvolvida como Santos-SP, que tem cinco vezes mais gente.
‘Redex’ lidera proporção
Na relação de veículos por habitante, ninguém bate Redenção e outras cidades do sul do Pará. Na Capital do Boi Gordo, que caminha para se tornar um dos maiores polos de soja do Brasil e onde o sotaque é mais goiano que paraense, a relação entre frota e habitantes é de 1 para 1,1: um veículo em circulação por praticamente um morador. Eram 83 mil veículos para uma população de 92 mil pessoas em 2024.
O segundo lugar vai para Tucumã, com a relação de 1 (veículo) para 1,26 (morador). Numa proporcionalidade “redonda”, é o equivalente a dizer que havia ano passado 100 veículos nessa cidade do sul do estado para cada grupo de 126 habitantes. A lista é seguida por Novo Progresso (3º, com 1 para 1,61) e Xinguara (4º, com 1 para 1,62), ambos os quais — tal como Redenção e Tucumã — estão acima da média do Brasil, onde existe um veículo para cada 1,71 habitante.
Altamira (5º, com 1 para 1,79), Santana do Araguaia (6º, com 1 para 1,8), Jacundá (7º, com 1 para 1,81), Marabá (8º, com 1 para 1,82), Capanema (9º, com 1 para 1,88) e Castanhal (10º, com 1 veículo para cada 1,89 habitante) completam o ranking das dez maiores presenças de frota em circulação perante o tamanho populacional. As médias proporcionais de Parauapebas (2,01), Canaã dos Carajás (2,25) e Belém (2,49) também são importantes em nível de Pará, mas abaixo da nacional.