Brasília – Em Assembleias Nacionais dos Trabalhadores dos Correios realizadas ao longo desta segunda-feira (17), em todo o país, cerca de 100 mil funcionários deliberaram pelo estado de greve nacional, respeitando a cota de 30% da mão-de-obra para que seja mantido o serviço considerado essencial.
De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT), a paralisação é por tempo indeterminado e os trabalhadores protestam contra a privatização da empresa, “a perda de direitos” e a “negligência com a saúde dos trabalhadores em relação à Covid-19”. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já admitiu em entrevista que não será fácil privatizar os Correios.
“O governo Bolsonaro busca a qualquer custo vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros, os Correios. Somos responsáveis por um dos serviços essenciais do país, que conta com lucro comprovado, e com áreas como atendimento ao e-commerce, que cresce vertiginosamente e funciona como importante meio para alavancar a economia. Privatizar é impedir que milhares de pessoas possam ter acesso a esse serviço nos rincões desse país, de norte a sul, com custo muito inferior aos aplicados por outras empresas,” diz José Rivaldo da Silva, secretário geral da FENTECT.
O secretário geral também critica a direção dos Correios e diz que a ECT “retirou direitos em plena pandemia e empurrou milhares de trabalhadores a uma greve na pior crise que o país vive. Perdemos muitos companheiros para a Covid-19 em função do descaso e negligência da empresa”.
Ainda segundo a FENTECT, entre outros benefícios, foram cortados o plano de saúde, o vale cultura e o auxílio de dependentes com deficiência. Também houve alteração na data do pagamento e no vale-alimentação.
Os Correios afirmaram por meio de nota que “não pretendem suprimir direitos dos empregados”. A empresa diz ainda que a diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção é da ordem de R$ 600 milhões anuais. “As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida”.
Confira os principais direitos retirados da categoria:
- Plano de saúde;
- Vale cultura;
- Anuênios;
- Adicional de atividade de distribuição e coleta (AADC);
- Adicional de atividade de tratamento (AAT);
- Adicional de atividade de guichê (AAG);
- Alterar a data do dia do pagamento;
- Auxílio de dependentes com deficiência;
- Pagamento de 70% a mais da hora normal quando há hora extra trabalhada;
- Reembolso creche;
- Pagamento de 70% das férias;
- Aumento no compartilhamento do ticket;
- Licença maternidade de 180 dias;
- Fim da entrega matutina;
- Garantia de pagamento durante afastamento pelo INSS;
- Ticket nas férias;
- Ticket nos afastamentos por licença médica;
- Vale alimentação;
- Para motoristas é o fim da cláusula sobre acidente de trânsito;
- Indenização por morte;
- Garantias do empregado estudante;
- Licença adoção;
- Acesso as dependências pelo sindicato;
- Atestado de acompanhamento;
- Fornecimento de Cat/Lisa;
- Itens de proteção na baixa umidade;
- Reabilitação profissional;
- Adicional noturno;
- Repouso no domingo;
- Jornada de 40h;
- Pagamento de 15% aos sábados.
Por Val-André Mutran – de Brasília