Uma posição ingrata dentro do futebol. É assim que muita gente classifica o profissional que atua como goleiro dentro das quatro linhas, que na maioria das vezes é considerado o culpado, quando a bola ultrapassa a linha de sua meta. Mesmo que não falhe no lance, acaba pagando por deixar a redonda passar. A maioria dos garotos quando entram em uma escolinha de futebol, acabam optando por outra posição, menos de goleiro.
Mas a posição é tão especial que tem seu dia. Neste domingo (26/04) comemora-se o dia do goleiro, que ganhou essa data em homenagem a Haílton Corrêa de Arruda, o Manga, com passagens pela Seleção Brasileira, Grêmio e Internacional. O ex-arqueiro, hoje com 83 anos, foi destaque sendo campeão por onde passou e por isso recebeu essa homenagem, que foi colocada no dia de seu aniversário por dois professores da Escola de Educação Física do Exército do Rio de Janeiro.
O futebol na cidade de Parauapebas, sudeste do estado do Pará, é muito forte e com campeonatos acirrados em diversas categorias tendo disputas pelo Sub-18, Master, 2ª divisão e 1ª divisão. Alguns nomes de goleiros podem ser destacados como os da geração mais antiga com o do saudoso Gobila, que nos deixou em 2019, quando estava trabalhando como comentarista esportivo, Rogério (Vila Romana), João dos Santos (Carajás), Valdivan (Crap) e Elisvan (Dallas).
Os goleiros da nova geração também vêm se destacando no futebol parauapebense entre eles estão Ernanes (Crap), Gabriel (Juventude), Bruninho (Asserp), Marcos (Atlético Paraense) e Tiago Sena (Sociedade), que na temporada de 2018 foi campeão com o time do Barca da Bola do Copão Abel Figueiredo. A maioria são treinados pelo preparador de goleiros, Mão de Onça, que ano passado jogou pelo time da Sociedade da categoria Master e trabalha com os goleiros do Asserp, Sociedade e Crap.
O goleiro sabe que em segundos pode se tornar um vilão da torcida, devido a uma falha, ou pode ser o herói com uma defesa espetacular, salvando o seu time. Mas para quem entra na profissão e escolhe essa posição, já sabe o que poderá encontrar pela frente. O goleiro Tiago Sena, de 34 anos, que é natural da cidade de Belém do Pará, e que mora e joga em Parauapebas, confessa que quando começou a se interessar pelo futebol, queria ser jogador de linha.
“Todo brasileiro tem um sonho de ser jogador e comigo não era diferente. Na verdade eu sempre quis ser jogador de linha, mas por ocasião do destino, gostava de brincar no gol também, se jogar em uma bola em campo de areia da minha cidade (Belém), e peguei carinho por essa posição e quando você vai se aperfeiçoando cada vez mais, vai ficando mais interessado a aprender no dia-a-dia. Em relação a ser vilão, isso é uma situação que está sujeita a acontecer e isso é inevitável para o goleiro”, afirmou Tiago Sena.
Dentro do profissional, o Parauapebas Futebol Clube, também teve grandes goleiros. O PFC, por exemplo, contou com o Adriano Paredão, ídolo do Clube do Remo e o primeiro goleiro da história do clube, em 2009; Paulo Rafael que teve uma grande passagem no PFC na melhor campanha da história do Gigante de Aço dentro do estadual, no Parazão de 2015; Cleriston que foi o goleiro do último acesso da equipe quando subiu da Segundinha, em 2017.
O goleiro Tiago Sena, que hoje atua na equipe da Sociedade e acumula passagens pelo Carajás (nas categorias de base), Parauapebas e Seleção do Município, espera disputar o Campeonato Municipal da 1ª divisão, e aguarda a pandemia do novo coronavírus passar para poder voltar a fazer o que mais gosta. Tiago afirma que goleiro não é uma posição ingrata e sim valiosa como as demais dentro de campo e que ajuda contribuindo com o time a sair com resultado positivo.
“Muitos dizem que é uma posição ingrata, mas no meu ponto de vista, não é. Para mim é uma posição valiosa. Assim como um atacante faz um gol lá na frente, o goleiro faz uma bela defesa lá atrás e também está contribuindo para o bem do time, para conquistar a vitória junto com o grupo. Em relação a parada, o goleiro vai sentir mais, pois jogador de linha pode fazer um trabalho específico em casa, e a gente como goleiro necessita de um certo espaço para trabalhar a parte técnica e requer repetições de movimentos”, disse Tiago Sena.
Por Fábio Relvas