O Governo do Estado entregou no final da tarde de ontem, terça-feira (14), em Marabá, o Hospital de Campanha para atendimento às vítimas do novo coronavírus nas regiões sul e sudeste do Pará, compostas por 39 municípios que concentram aproximadamente 1,5 milhão de habitantes. O equipamento de saúde tem 120 leitos e está instalado dentro do Centro de Convenções Carajás, ocupando uma área de 4 mil metros quadrados.
O governador Helder Barbalho não pode realizar a entrega pessoalmente por ter sido acometido pela covid-19, mas falou com o secretário Regional de Governo, João Chamon Neto, e concedeu coletiva à Imprensa por meio de videoconferência.
Na oportunidade, ele disse que o objetivo é garantir que não haja sobrecarga para as redes municipais de saúde e reforçar a estrutura que já existe em Marabá. Lembrou que o primeiro Hospital de Campanha foi instalado na Região Metropolitana de Belém e anunciou, para breve, a entrega do mesmo equipamento em Santarém, para atender à região oeste do Estado, e outro em Breves, para o atendimento ao Arquipélago do Marajó, totalizando 720 leitos no Estado.
Helder anunciou também para os próximos dias a chegada ao Estado de 400 respiradores que estarão, com outros componentes, incrementando 400 novas UTIs espalhadas em todas as regiões do Pará: “Torcemos para que não haja necessidade do uso desses hospitais, mas, na necessidade, que o uso possa ser na forma mais correta, humana, dando toda atenção às pessoas que precisarem dele”.
Durante a coletiva, indagado pelo correspondente do Blog do Zé Dudu, acerca de estudo feito por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) dando conta de um novo pico do novo coronavírus em 12 de maio próximo, com um número alarmante de infectados, caso o isolamento social não seja respeitado pela população, o governador afirmou que tomou conhecimento, na segunda-feira (13), dos resultados dessa pesquisa, durante videoconferência com representantes da UFPA, Ministério Público Federal e Procuradoria Geral do Estado.
Barbalho se mostrou extremamente preocupado, disse que está aguardando as sugestões dos procuradores federais, no intuito de avaliar que medidas podem vir a ser tomadas, para que se possa ampliar ainda mais o isolamento social: “É a grande arma, não existe alguma outra medida, pesquisada ou tomada que não seja o isolamento social. As pessoas precisam entender isso, que todos nós estamos expostos, todos nós podemos ser vítimas e isso não depende de ter saúde plena, de não ser do grupo de risco”.
O governador reforçou ser necessário que a população possa ter a sensibilidade, de entender que, quando as autoridades falam em isolamento, estão pedindo para as pessoas se protegerem e protegerem seus amigos e seus familiares. “Graças Deus, eu estou aqui, mas tem gente que está morrendo no hospital nesse momento. Então, esse estudo da UFPA é fundamental para ressaltar que as pessoas possam ficar em casa e se cuidar, se proteger e proteger ao próximo. Nós vamos vencer essa batalha”.
Para o secretário João Chamon Neto, a instalação do Hospital de Campanha de Marabá demonstra que o governador tem o cuidado de proteger todos os habitantes do sul e sudeste do Pará, dotando o município de um hospital de referência para atendimento de baixa e média complexidade às pessoas.
Chamon coordenou a montagem e a interlocução com o governo, ajustando os procedimentos e informando a todos os municípios, a todos os prefeitos, qual o objetivo do equipamento púbico de saúde e com o Inai (Instituto Nacional de Assistência Integrada), Organização de Sociedade Civil (OSC) gestora do Hospital de Campanha para que a unidade se materializasse.
Kleber Sonagere, gestor do Hospital de Campanha, explica que o novo equipamento de saúde tem algumas peculiaridades. “Vai receber somente pessoas encaminhadas pela Regulação do Estado. É muito importante que a população entenda que não é um hospital de ‘portas abertas’, para atendimento direto ao público. Só recebemos pessoas encaminhadas que não estão em estado grave e sim em fase inicial dos sintomas, não vai funcionar como UTI”. Ainda de acordo com ele, no hospital esses pacientes vão ficar isolados em tratamento e receberão os cuidados, para que não transmitam a covid-19 para outras pessoas da família.
“Entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistente social e farmacêuticos, cerca de 200 pessoas trabalharão 24 horas. Recomendamos às pessoas que se cuidem, se isolem, façam o isolamento social. Isso não é brincadeira”, destaca Sonagere.
Para o secretário municipal de Saúde, Luciano Lopes Dias, o Hospital de Campanha é muito importante para a região, para a prevenção. “Queremos que ele seja usado o mínimo possível. Mas, a partir do momento em que nós tivermos casos na região, isso aqui será um amparo”.
Ele explica que muitos municípios são pequenos, sem estrutura adequada e vários, ao longo dos anos, fecharam seus hospitais e hoje contam apenas com as Unidades Básicas de Saúde: “O sistema de Marabá, assim como o Regional, não tem o suporte adequado para receber todas as pessoas. Temos mais de um milhão de habitantes e esse hospital vem para suprir essa falha”.
Luciano chama atenção ainda para o fato de que é necessário que o Hospital de Campanha possa contar também com respiradores, pois os poucos existentes no Hospital Municipal, no Materno-Infantil e no Regional, atendem em suas UTIs e UCE, pacientes internados vítimas de outras patologias: “Espero que esse hospital tenha esse equipamento para atender a essa população que precisar de respiração mecânica”.
O presidente da Câmara Municipal de Marabá, vereador Pedro Correa Lima, afirma ter ficado feliz por constatar que a promessa do governador, feita há 30 dias foi cumprida. “Sabemos que esse vírus está-se propagando rapidamente aqui na nossa região e esse Hospital de Campanha será um hospital de retaguarda que vai dar um alento para essas pessoas que vão necessitar de atendimento”. A diretora da 11ª Regional de Saúde da Sespa (Secretaria de Estado de Saúde), Etiene Santos, também participou da entrega do Hospital de Campanha.
Por Eleuterio Gomes – de Marabá