As polêmicas de 2020 envolvendo a possível malversação de recursos do fundo do Banco do Povo não devem passar batido e podem estar próximas de um desfecho. E a maior interessada em esclarecer o quiproquó, colocando tudo em pratos limpos, é a Prefeitura de Parauapebas, dona do banco. Nesta quinta (21), foi publicado no Diário Oficial do Município uma portaria, assinada no último dia 12, em que o prefeito Darci Lermen instaura sindicância para apurar denúncias relacionadas ao desvio de recursos no órgão no ano do início da pandemia.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que conferiu os detalhes da Portaria 24, a qual nomeia servidores para compor a comissão do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) a fim de apurar eventuais irregularidades na concessão de empréstimo a servidores públicos com recursos do Banco do Povo.
A portaria não fornece muitos detalhes acerca do PAD, mas o Blog descobriu que a resposta para as questões que dão origem ao processo está em 13 de maio de 2020, quando a então vereadora Joelma Leite produziu e protocolou, para a sessão de 23 de junho, um requerimento à Mesa Diretora da Câmara solicitando à Casa a presença do então titular do Banco do Povo, Rodrigo Zanrosso, a fim de que ele apresentasse e detalhasse quatro coisas simples: 1º) o quantitativo de contratos de empréstimos firmados pelo Banco do Povo após decreto municipal de calamidade pública; 2º) o quantitativo de recursos liberados para o banco após o decreto; 3º) o quantitativo de valores de empréstimos concedidos; e 4º) os contratos de empréstimos firmados por servidores públicos lotados no órgão.
À época, Joelma justificou o requerimento dizendo ter “recebido denúncia acerca de supostas irregularidades cometidas por servidores públicos municipais lotados no Banco do Povo”. Por causa disso, segundo ela, no dia 30 de abril os pagamentos foram suspensos, bem como o atendimento a micro e pequenos empresários que tinham recorrido ao órgão para obter financiamento facilitado a fim de enfrentar a pandemia do coronavírus. A prefeitura disse, entretanto, que a paralisação do atendimento se deveu à alta demanda.
No dia da sessão de votação do requerimento de Joelma, o pedido fora rejeitado pela Casa por 10 votos a 5, mas o assunto não morreu; ao contrário, ganhou ainda mais projeção e passou a incomodar a gestão de Darci, que agora quer a apuração rigorosa dos fatos para dar resposta à sociedade. A prefeitura não tem data para apresentar o desfecho da sindicância, que corre sob sigilo.
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