Brasília – No dia seguinte à sua participação na sabatina dos candidatos à presidência da República, no Jornal Nacional, da Rede Globo na quinta-feira (25), o candidato líder das pesquisas à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi duramente criticado pelo ministro das Minas e Energia, Alfredo Adolfo Sachsida, sobre a afirmação de manter a Petrobras como uma empresa estatal, caso seja eleito. “O plano de Luiz Inácio Lula da Silva é um erro”, disse o ministro.
De acordo com ele, o candidato do PT vem prometendo reverter anos de cortes de custos na empresa e expandir o refino doméstico para tornar o país mais independente dos preços internacionais do petróleo.
“Essa estratégia já foi usada no Brasil e deu errado”, disse Sachsida à Bloomberg, em entrevista em seu gabinete em Brasília. “Isso transformou a Petrobras na empresa de petróleo mais endividada do mundo.”
O presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição e está atrás de Lula nas pesquisas, abraçou o plano de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, de privatizar a Petrobras. Mais cedo, em entrevista a uma rádio de São Paulo, Bolsonaro disse que, se for reeleito, não abrirá mão da Caixa Econômica Federal. “Na lista de privatizações, a Caixa está fora dos planos. Sem ela, não existiria Auxílio Emergencial”, disse o candidato.
Embora o presidente Bolsonaro tenha dito anteriormente que era contra a venda da gigante do petróleo, ele mudou de discurso depois que a empresa se tornou um tema quente de campanha eleitoral, com os preços dos combustíveis aumentando as pressões sobre a inflação.
Bolsonaro demitiu uma série presidentes da empresa por aumentarem preços muito rapidamente — uma questão que também levou à destituição do antecessor de Sachsida. Mais recentemente, cortes de impostos do governo e um declínio nos preços do petróleo deram ao presidente algum alívio político.
Privatizar a empresa também poderia ajudar a transferir a responsabilidade pelas flutuações dos preços dos combustíveis para longe do governo. Pesquisas no início deste ano mostraram que os brasileiros culparam em grande parte Bolsonaro, não a Petrobras ou a invasão da Ucrânia pela Rússia, pelo aumento dos custos para encher seus tanques.
Embora investidores tenham aplaudido a perspectiva de venda, o processo é “complexo” e levaria três ou quatro anos, segundo Sachsida. Uma das opções em análise é diluir a participação do governo por meio de conversão de ações, acrescentou ele. Por enquanto, contudo, a empresa deve continuar vendendo refinarias conforme acordado com o Cade.
O plano petista
Sob Lula, a Petrobras buscaria expandir o ecossistema de energia renovável e refino. Lula, ao contrário do atual governo, tem plano oposto para a estatal, totalmente diferente. Se vencer, o ex-presidente quer que a empresa aumente os gastos com refino e energia renovável, reconstrua sua atuação internacional para participar de projetos estrangeiros e parcerias tecnológicas.
No governo petista, a Petrobras foi o centro do maior escândalo de corrupção do mundo. Na entrevista ao JN, o Lula admitiu — nervoso — pela primeira vez, que houve corrupção no seu governo, justamente o escândalo denominado de Mensalão. A operação Lava Jato, depois desmontada pelo Supremo Tribunal Federal, condenou Lula em dua instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro. Lula ficou preso 508 na carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR).
Sachsida comentou que a visão do candidato é um erro, “isso é lutar contra o inevitável”. Uma única empresa não pode determinar os preços dos combustíveis em um país”.
O ministro, que aposta na reeleição de Bolsonaro, diz que o governo também tem um plano para estimular o setor de mineração com mais financiamento, e permitindo a concessão de áreas de mineração em troca de investimentos. Sua meta é dobrar a participação do setor de mineração na economia do país de 2,4% para 4,8% em 5 anos.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.