Em um momento em que as nações cada vez mais buscam fiscalizar suas fronteiras para combater a imigração ilegal, o tráfico de drogas e o protegê-las contra o terrorismo, não deveria ser surpresa que as autoridades competentes queiram analisar as redes sociais das pessoas que aplicam para o processo de visto dos Estados Unidos.
Ainda assim, muitas pessoas ficaram incomodadas com a decisão do Departamento de Estado dos Estados Unidos (USCIS), que determinou recentemente que a maioria dos candidatos a vistos do país terão que incluir os links ou nomes dos perfis de usuários de suas redes sociais utilizadas nos últimos cinco anos nos formulários de solicitação.
De acordo com o Departamento, as informações online são examinadas não apenas por razões de segurança, mas também para garantir que as os dados informados na solicitação de visto correspondam ao que a pessoa informa em seus perfis de redes sociais. O órgão divulgou que a coleta de tais informações não é obrigatória, mas o não fornecimento delas pode atrasar ou impossibilitar o USCIS de determinar a elegibilidade de um indivíduo para benefícios, como pedidos de Green Card, solicitações de ajuste de status, processos de naturalização, etc.
A regra atual vale para candidatos aos vistos de turismo, estudo e trabalho. Apenas alguns candidatos ao visto diplomático poderão ser poupados da solicitação.
Anteriormente, apenas os candidatos selecionados para verificação extra, como pessoas que já haviam viajado para áreas controladas por organizações terroristas, eram obrigadas a informar que apresentar os links de suas redes sociais. Estima-se que apenas cerca de 65 mil candidatos se enquadrem anualmente nessa categoria por ano, contra quase 15 milhões de pessoas que deverão ser impactados pela nova medida anualmente.
Assim mesmo, o especialista em imigração Leonardo Freitas, sócio fundador da HAYMAN-WOODWARD Global Mobility Services, comenta que seria impossível analisar as informações de todos os candidatos a vistos: “É evidente que as autoridades de imigração não possuem recursos ou tempo útil para examinar as mídias sociais de todos os candidatos, até porque a verificação em larga escala causaria um gigantesco backlog no processamento dos vistos”, comenta.
De acordo com Freitas, apesar da nova regra parecer invasiva, ele indica que a medida é importante para garantir mais segurança ao processo: “se, por um lado, o novo regulamento pode ser desagradável, pois interfere na privacidade das pessoas, por outro, é preciso lembrar que existem diversos grupos mal-intencionados, que se aproveitam da internet para promover golpes ou atos terroristas. Já diz o antigo ditado, quem não deve, não teme. A discussão sobre o direito à privacidade não pode se sobrepor aos interesses da segurança nacional”, finaliza.