Brasília — Único setor com saldo positivo na balança comercial e que não parou suas atividades após a decretação de emergência sanitária nacional em março com o surgimento da pandemia do novo coronavírus. O setor produtivo do campo foi prestigiado pelo governo federal após o anúncio pelo Ministério da Agricultura que disponibilizou R$ 236,3 bilhões para o Plano Safra 2020/21, valor 6,1% maior que em 2019/2020, ou R$ 13,56 bilhões a mais. O plano foi avalizado pelo Ministério da Economia.
Em lançamento no Palácio do Planalto, na quarta-feira (17), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, lembrou que, mesmo durante a pandemia, o setor não sofreu com queda na produção, nem em quantidade ou qualidade. Especialistas do setor foram unânimes em comentar que a ministra é a responsável pelos avanços no setor, especialmente porque há linha especial de crédito para inovação tecnológica no campo, como a adoção pelos produtores rurais da implantação de placas de energia solar nas propriedades com taxas especiais.
“Diante disso, torna-se mais importante ainda garantir a nossa próxima colheita, para que continuemos a bater recorde de produção de alimentos”, disse a ministra na concorrida cerimônia no Palácio do Planalto.
O aumento dos recursos deve-se a ajuste no valor previsto para as operações de investimento, que passou de R$ 56,29 bilhões para R$ 56,92 bilhões. O volume a ser destinado para operações de custeio e comercialização é de R$ 179,38 bilhões. Para o seguro rural, a subvenção do governo será 30% maior, passando de R$ 1 bilhão na safra 2019/20 para R$ 1,3 bilhão no próximo ciclo.
Os números apresentados começa a corrigir uma antiga queixa dos tomadores: “O Brasil empresta muito para o campo, mas não dá garantia proporcional ao seguro-safra”, explicou um represente do setor.
O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) vai contar com R$ 33,12 bilhões (entre verbas para custeio e investimento), 25,1% mais que na temporada 2019/20. Para os pequenos produtores, R$ 33 bilhões serão disponibilizados por meio do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), volume 5,7% maior que na safra anterior. Eduardo Sampaio, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, disse que o programa é prioridade no Plano Safra e que espera que não haja dificuldade para o tomador de crédito. “Mais uma vez, focado nos pequenos e médios produtores, que são os que mais precisam do governo”, disse. Para os pequenos produtores, por meio do Pronaf, serão R$ 33 bilhões e, para os médios, R$ 31 bilhões por meio do Pronamp.
Meio ambiente
O presidente Jair Bolsonaro participou do evento e disse, durante a cerimônia que o Brasil é o que mais preserva o meio ambiente.
“O Brasil é o País que mais preserva o meio ambiente de todos”, disse. “Nós somos um exemplo na questão ambiental”, disse ele ao lado dos seus ministros. Bolsonaro afirmou que o Brasil usa apenas 8% do seu território para a produção de alimentos, enquanto outras nações usam muito mais e não preservaram suas florestas nativas.
Bolsonaro também fez elogios ao setor, um dos apoiadores de primeira hora de sua campanha ao Palácio do Planalto, e disse que o homem do campo é um exemplo de trabalhador.
“Trabalha de segunda a domingo, 24 horas por dia. Não reclama de absolutamente nada”, disse. O presidente afirmou saber como é essa vida e que já precisou plantar muito arroz.
O presidente fez ainda uma homenagem ao ex-presidente Médici, pela criação da Embrapa, e elogiou a atuação de seus ministros, principalmente, em missões outros países. ”Hoje colhemos o que foi plantado lá atrás. Assim é a agricultura, você só pode colher o que você planta”, disse. “O que nos plantamos hoje na política colhemos amanhã”, afirmou o presidente.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.