Governo retira taxação de offshores de medida provisória do salário mínimo

Articulação política do governo negocia com líderes acordo para reapresentação da proposta
Coletiva de Imprensa. Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira

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Brasília – A articulação política do governo concordou em retirar a emenda jabuti que cria uma tributação em investimentos de brasileiros fora do país (offshores e trusts), inserida no texto da medida provisória do salário mínimo que está na pauta de votação da Câmara dos Deputados.

O governo negocia com os líderes partidários a forma como a proposta será reencaminhada. Preferencialmente, os deputados sugeriram que o governo edite um Projeto de Lei do Executivo no lugar de uma medida provisória.

A tributação de fundos no Brasil, no exterior e exclusivos como forma de compensar a perda de arrecadação pelo aumento da faixa de isenção da tabela do imposto de renda da pessoa física foi a equação encontrada pela equipe econômica como uma “fonte de arrecadação”, para cumprir a exigência constitucional de só se criar nova despesa se houver a indicação da fonte da receita.

Essa negociação ainda está em curso, mas o governo já desistiu de aprovar a tributação dos investimentos de brasileiros no exterior dentro da MP do salário mínimo. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP), convocou uma reunião na Residência Oficial da Câmara com o Colégio de Líderes na tarde desta terça-feira (22). Foi convidado o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, que será acompanhado do líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), para discutir o formato da proposta.

O governo quer editar uma medida provisória, que entraria em vigor imediatamente, se comprometendo a enviar um PL com urgência constitucional, que precisa ser analisado pela Casa em 45 dias ou tranca a pauta de votações. É uma forma do debate começar pela Câmara e não por uma comissão mista, formada por deputados e senadores.

Lira vem sendo cobrado pelos petistas nas redes sociais por “estar defendendo os milionários”, mas rebateu a governistas que a taxação das offshores, como sugerida pelo governo na MP, provocará uma evasão grande de recursos para o exterior e diminuirá a arrecadação pretendida. O governo queria arrecadar R$ 3,6 bilhões em 2023 para compensar o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF).

Por isso, Lira defendeu que uma nova proposta seja enviada com regras semelhantes para os fundos sediados no Brasil e os fundos exclusivos (que não sofrem com o “come-cotas” semestral). Haveria ainda a possibilidade de antecipação dos tributos com taxa reduzida, como já aprovado na reforma do imposto de renda sob o governo Bolsonaro (PL).

Essa MP está sendo preparada para ser editada até a próxima segunda-feira (28), antes de a medida atual de correção da tabela do imposto de renda perder a validade.

Paralelamente, a Câmara e o Senado aprovariam a MP do aumento do salário mínimo para R$ 1.320, com a criação de uma política permanente de valorização do piso salarial nacional (que seria corrigido pela inflação do ano anterior mais o percentual de crescimento do PIB de dois anos antes). Essa proposta também perde a validade na segunda, por isso a pressa.

Por Val-André Mutran – de Brasília