A informação, que já circulava em Marabá na última sexta-feira (5), após ser compartilhada pela direção da Sinobras Siderúrgica com os funcionários da cidade, foi oficializada por meio de carta divulgada por Vilmar Ferreira, presidente do Grupo Aço Cearense: a empresa está em recuperação judicial. O pedido foi protocolado junto ao Poder Judiciário na última quinta (4).
O presidente inicia a carta abordando a crise econômica atravessada pelo país, destacando que ela afeta toda a cadeia produtiva nacional e argumentando que o setor da siderurgia é um dos mais impactados. Afirma que, apesar do quadro, o grupo vem apresentando bons resultados, mas encontrado dificuldades de se adaptar.
“(…) o Grupo Aço Cearense vem apresentando no último ano uma melhoria significativa nos seus números de faturamento e lucratividade. No entanto, mesmo com resultados positivos, nos últimos meses a empresa tem encontrado dificuldades para ajustar sua estrutura de capital dentro desse cenário econômico adverso”.
Ferreira justifica a recuperação judicial como uma saída “responsável e diferente”, afirmando que foi buscada uma ação “diferenciada, preventiva e responsável”, tendo como premissa a manutenção da saúde financeira e operacional das empresas do Grupo. Conforme o posicionamento, o objetivo é preservar e garantir os empregos dos 3.800 colaboradores.
Além disso, defende que a recuperação irá permitir a continuidade das operações e a sustentabilidade dos negócios, se propor um plano de pagamento das dívidas que permita honrar todas as categorias inseridas na situação e manter a boa relação com os fornecedores. Por fim, acrescenta que a ação poderá viabilizar a retomada do crescimento e de ações sociais.
“Ao optar por tomar tal decisão, o Grupo Aço Cearense reforça sua premissa básica de não abrir mão da transparência e da lealdade com as quais sempre baseou suas ações, mantendo a filosofia de uma empresa séria e consciente de seu papel para com a sociedade”, diz a carta.
Além da Sinobras, no Pará, o conglomerado mantém outras quatro unidades em funcionamento: Aço Cearense Comercial e Aço Cearense Industrial, no Ceará, Sinobras Florestal, no Tocantins, e o Instituto Aço Cearense, que tem ações nos três estados.
Em Marabá, são 390 mil toneladas de aço laminado produzidas anualmente, 1.284 empregos gerados diretamente e mais de 30 mil empregos indiretos. No ano passado, o grupo todo produziu 1 milhão de toneladas e faturou R$ 2 bilhões, mas apresentou acentuada queda na receita. Criada em 2006, a Sinobras foi responsável por aumentar significativamente os negócios, uma vez que desde a instalação o grupo dobrou de tamanho.