Grupo de trabalho encontra mais um resto mortal no Araguaia

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Resto mortal é encontrado em expedição no Araguaia (Foto: Ascom/MD)

O Grupo de Trabalho Araguaia (GTA) recolheu mais um resto mortal durante a última expedição de busca por desaparecidos políticos da guerrilha, que durou 12 dias e percorreu os municípios de Xambioá (TO) e São Geraldo do Araguaia (PA). Encontrado em um antigo cemitério de São Geraldo do Araguaia (PA) o resto mortal será encaminhado para análises periciais em Brasília. Com este,  chega a 25 o número de restos mortais sob cautela do GTA – exumados da região desde a década de 90, por expedições independentes realizadas por familiares e outros profissionais, e pelo grupo de trabalho.

Comissão da Verdade

Essa foi a última expedição do grupo este ano e contou com uma equipe composta por peritos das áreas de Antropologia Forense e Social, Arqueologia, Geologia, Geofísica, Biologia e Engenharia Florestal. As atividades tiveram acompanhamento dos familiares dos desaparecidos da guerrilha e da  integrante da Comissão da Verdade, Maria Rita Kehl, que também acompanhou as escavações.

Ouça a entrevista de Maria Rita Kehl para a repórter Maíra Heinem da Rádio Nacional da Amazônia

INCORPORAR:

Entre os dias 15 e 20 de outubro, Maria Rita se reuniu com lideranças comunitárias e de trabalhadores e ouviu 13 camponeses vítimas de violações de direitos humanos. Durante as campanhas de combate e destruição da guerrilha pelas Forças Armadas, camponeses “suspeitos” de apoiar o movimento do PCdoB, que se instalou na região, também foram presos e torturados.

Em 2009, a Comissão de Anistia determinou indenizações a 44 camponeses paraenses (ou seus parentes) por terem sido torturados, mortos ou perdido as propriedades durante a ação dos militares contra a guerrilha. Junto com o assessor da CNV, Pedro Pontual, Kehl percorreu os municípios de Marabá, São Geraldo do Araguaia e São Domingos do Araguaia, a Terra Indígena Sororó, no Pará, e o município de Xambioá, em Tocantins. Integrantes do Projeto República, da Universidade Federal de Minas Gerais, também participaram da expedição.

Reconstituição histórica

A Comissão Nacional acompanhou também os trabalhos a expedição do Grupo de Trabalho Araguaia, criado em 2009 para dar cumprimento à decisão da Justiça Federal de Brasília que determina a localização e identificação dos corpos dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia.

Nesta expedição, iniciada no dia 14 de outubro, as atividades da equipe do GTA ficaram concentradas no cemitério de São Geraldo, no cemitério de Xambioá (TO) e nas antigas bases militares de Xambioá e do Morro do Urutu na Serra das Andorinhas.

Desde a 4ª viagem do grupo à região, foram realizados levantamentos arqueológicos para posterior reconstituição histórica das bases. Nesses locais, arqueólogos coletaram vestígios materiais, como garrafas, recipientes de comida e medicamentos, baterias, pilhas, projéteis, entre outros. Os materiais serão analisados e servirão de subsídio para delimitar o funcionamento dessas bases.

Informações

Mesmo com os trabalhos do grupo encerrados este ano, continua à disposição da população o serviço do Disque 100, dos Direitos Humanos. Pelo telefone celular ou fixo, qualquer cidadão pode ligar, gratuitamente, e repassar informações relativas à guerrilha – que possam levar a possíveis locais de inumações de participantes do episódio.

Balanço

O Grupo de Trabalho Araguaia reiniciou as atividades de 2012 em junho e realizou expedições nos meses seguintes de julho, agosto, setembro e outubro. Este ano, foram exumados dos estados do Pará e de Tocantins oito restos mortais. Todos os achados, inclusive os anteriores ao grupo, encontram-se em Brasília para análise pericial. Durante as cinco expedições, os integrantes realizaram ações de ouvidoria com a população e demais atividades com o objetivo de interagir com a comunidade. Foram feitos, também, trabalhos de comunicação social, como veiculação de spot nas rádios locais informando a presença do GTA na região e explicando seu funcionamento.

Sobre o grupo

O GTA tem o objetivo de coordenar e executar as atividades necessárias para localizar, recolher e identificar os restos mortais das vítimas da Guerrilha. É função, ainda, sistematizar todas as informações existentes sobre o assunto. O apoio logístico é prestado por militares da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, localizada em Marabá (PA). A equipe de cartografia e topografia também é integrada por militares, da 4ª Divisão de Levantamento de Manaus (AM).

Fonte: EBC

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