Arnaldo Delcídio Ferreira, delegado sindical dos trabalhadores rurais de Eldorado dos Carajás, no Pará, foi assassinado em casa, no dia 2 de maio de 1993, enquanto dormia. Segundo uma testemunha, um homem não identificado saiu do local do crime andando calmamente. O assassino nunca foi encontrado.
O município tinha aproximadamente seis mil moradores, cinco policiais para cuidar da segurança do local e nenhuma viatura policial.
O líder sindical já havia sido vítima de três atentados. Um deles em 1985, que causou a morte da freira Adelaide Morinari, de 47 anos de idade e que atuava nas comunidades de Eldorado dos Carajás e Curionópolis. Ela apoiava as organizações populares, principalmente o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. A religiosa foi brutalmente assassinada com um tiro no pescoço, mas o alvo era Arnaldo, que sobreviveu mesmo ferido por uma bala que também lhe atravessou o pescoço. Os crimes estão impunes até hoje.
O fim do desmatamento da Amazônia, dos conflitos de terra e a implantação da reforma agrária eram suas principais bandeiras de luta do líder Arnaldo Delcídio Ferreira.
As mortes no campo continuam ocorrendo ano após ano. Em 2015, de acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra, ocorreram 50 assassinatos. E como em anos anteriores, a violência se concentrou na Amazônia, onde ocorreram 47 dos 50 assassinatos, sendo 20 em Rondônia, 19 no Pará, 6 no Maranhão, 01 no Amazonas e 01 no Mato Grosso. Esse foi o maior número de vítimas desde 2004, e 39% a mais do que em 2014, quando foram registrados 36 assassinatos.
Atualidade
Com pouco mais de 2.900 quilômetros quadrados – 70% em área rural – o município de Eldorado de Carajás se desenvolveu a partir do garimpo e da pecuária, sempre com conflitos pela posse da terra. Entre 1982 e 1996 mais de 50 trabalhadores rurais foram assassinados, contabiliza Regina. “Sempre foi um ‘deus nos acuda’ que culminou com a chacina da Curva do S”, diz Maria Regina, que é filha de Arnaldo e preside o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Eldorado dos Carajás.