Hanseníase: diagnóstico tardio pode deixar graves sequelas

As sequelas vão desde a incapacidade física, com deformidades em mãos, pés e outras extremidades, até a cegueira

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Você sabia que o último domingo de janeiro é dedicado ao Dia Mundial da Luta contra a Hanseníase? A data foi criada para mobilizar a sociedade em torno da doença que, antigamente era conhecida como lepra. Diversas ações de conscientização são realizadas pelo país e marcam a campanha Janeiro Roxo, cujo objetivo é chama atenção para os sinais e sintomas da hanseníase, alertando para a importância do diagnóstico precoce a fim de evitar sequelas graves.

A hanseníase é uma doença crônica infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que se multiplica lentamente e pode levar de cinco a dez anos para dar os primeiros sinais. A patologia afeta principalmente os nervos periféricos e está associada a lesões na pele, como manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, ressecamento e perda de sensibilidade.

O diagnóstico tardio pode deixar graves sequelas, especialmente a incapacidade física com deformidades em mãos, pés, orelhas e nariz, podendo levar também à cegueira. Quem sofre com a doença, além de todos os problemas de saúde, ainda precisa conviver com o estigma do preconceito.

Poucos sabem, mas a hanseníase tem cura e tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Durante 12 meses, o paciente diagnosticado precisa tomar três tipos de antibióticos, fornecidos gratuitamente, e manter acompanhamento mensal. O maior entrave para a eliminação da doença está na dificuldade de identificá-la.

O Boletim Epidemiológico de Hanseníase, do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, apresenta informações acerca dos casos de hanseníase no Brasil. 

Em 2020, foram reportados à Organização Mundial da Saúde (OMS) 127.396 casos novos da doença no mundo. Desses, 19.195 (15,1%) ocorreram na região das Américas e 17.979 foram notificados no Brasil, correspondendo a 93,6% do número de casos novos das Américas. Brasil, Índia e Indonésia reportaram mais de 10.000 casos novos, correspondendo a 74% dos casos novos detectados no ano de 2020. Nesse contexto, o Brasil ocupa o segundo lugar entre os países com maior número de casos no mundo, atrás apenas da Índia (OMS, 2021b).

Ainda segundo dados da OMS, 62 países reportaram casos novos em menores de 15 anos. No decorrer do ano de 2020, 8.629 novos casos foram diagnosticados nessa população, correspondendo a 6,8% do total de casos novos diagnosticados. Do total de casos novos diagnosticados no Brasil, 878 (4,8%) ocorreram em menores de 15 anos. 

Relativamente ao grau de incapacidade física (GIF), 7.198 casos novos foram diagnosticados com GIF 2, distribuídos nos 64 países que reportaram casos no mundo. Índia e Brasil foram os únicos países que diagnosticaram mais de 1.000 casos novos com GIF 2 no momento do diagnóstico, com 1.572 e 1.504 casos, respectivamente (OMS, 2021b).

Embora se observe uma diminuição dos casos de hanseníase ao longo dos anos, a redução mais acentuada nos últimos dois anos pode estar relacionada à menor detecção de casos ocasionada pela pandemia de covid-19.

(Da Redação. Fonte: Ministério da Saude)