Por Ulisses Pompeu – de Marabá
Parece ironia. No dia em que dezenas de pecuaristas da região fizeram manifestação em Marabá cobrando do estado mais rigor contra as invasões de propriedades rurais, o fazendeiro José Edmundo Ortiz Vergolino, condenado a mais de 152 anos de prisão pelo massacre da Fazenda Ubá, foi preso em sua residência. O crime pelo qual foi condenado ocorreu em 1985.
A logística empregada pelo governo do estado para transportar o prisioneiro, agora com 82 anos de idade, mostra que Helder Barbalho pretende usar a prisão de José Vergolino – que teve repercussão internacional – como cartão de visita de como deverá atuar em relação à criminalidade.
A prisão de José Vergolino ocorreu por volta das 9 horas da manhã desta quinta-feira (24), em sua residência, na Marabá Pioneira. O delegado Marcelo Delgado, que chegou ao local por volta das 6 horas da manhã, bateu na porta três horas depois, foi atendido pelo próprio pecuarista e deu voz de prisão ao idoso, que não esboçou nenhum tipo de reação. Entregou-se e foi levado para a Superintendência de Polícia Civil, na Folha 30, Nova Marabá, onde prestou depoimento. Por volta das 17 horas ele foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), onde passou por exame de corpo de delito.
Em seguida, já à noite, ele foi levado para o Aeroporto de Marabá, onde um avião do Grupamento Aéreo de Segurança Pública o aguardava, com policiais que fizeram sua escolta até Belém. A Assessoria de Comunicação da Polícia Civil não sabe onde ele ficará custodiado.
PRISÃO DOMICILIAR?
A Reportagem do Blog acompanhou o momento em que José Vergolino estava no IML. Lá, seu advogado, Gilberson dos Santos Santis, informou que ingressará ainda nesta sexta-feira, 25, com um habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do Estado pedindo a prisão domiciliar ou hospitalar, devido a problemas de saúde: retenção urinária, osteoporose e pressão alta, por exemplo.
Segundo o advogado, o mandado de prisão contra seu cliente havia sido expedido em 2017, mas ele não tinha conhecimento e só agora foi cumprido.
José Vergolino, filho do saudoso José Mendonça Vergolino, prefeito de Marabá na década de 1960, é acusado de ser mandante da execução de oito trabalhadores rurais ocupantes da Fazenda Ubá, em 1985, em São João do Araguaia.
Ele chegou a ser julgado e condenado pelo Tribunal de Justiça do Pará e pela Corte Internacional de Direitos Humanos (CIDH), que também condenou o Brasil e o Pará pelo episódio. O pecuarista chegou a cumprir pena em 2006, no Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama), em Marabá, mas teve concedida a prisão domiciliar.
Em 2007, as Câmaras Criminais Reunidas lhe concederam alvará de liberdade provisória. Em 2010, foi firmado um acordo entre os familiares das vítimas, o Estado Brasileiro e o Pará sobre o caso na CIDH. Mas somente em 2017 foi expedido um novo mandado de prisão preventiva, pela 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital.
4 comentários em “Helder manda avião vir buscar, em Marabá, condenado por chacina da Fazenda Ubá”
Adelaide Araguaia, procure o representante do governo ai no sudeste do Pará, em Marabá e faca sua denunciaou pedido.
Pessoas do gabinete do governador, dá pra pedir uma força p proteger os Indígenas?
Agora falta fazer justiça as vitimas de Josiel Martins!
Desde 2017 foi expedido o mandado de prisão.Faltou a reportagem dizer pir que o ex governador Tucanalha corrupto Jateve não cumpriu o mandado?
Isso mostra que nosso governador Hélder não dará refresco a bandido em nosso Estado!