De tanto enganar os outros com o uso de nomes falsos, para pegar dinheiro de odontólogos de Parauapebas, um homem acusado de estelionato se enrola todo na hora de informar o nome verdadeiro. “Qual o seu nome?”, pergunta a reportagem. “Ivanilson Mendes Vieira”, responde o homem. “Qual o seu nome?”, insiste o policial. “Itamar Mendes Vieira”, atrapalha-se ele.
A reportagem pergunta novamente o nome do acusado: “É Ivanilson Mendes Vieira. O nome original, é”. O policial retruca: “Esse aqui já é o quarto nome diferente que ele dá”. Fato é que Ivanilson (ou Itamar) foi preso em flagrante pelos sargentos M. Silva e Sobral e soldado Silva Nunes, da Polícia Militar, quando tentava dar o golpe numa mesma clínica odontológica por qual já havia passado antes.
Aos 68 anos de idade, Vieira – diante da dúvida, a reportagem vai chamá-lo assim – já teria passado por quase todas as clínicas odontológicas de Parauapebas, onde usava a mesma história. “Aí, ele chega e fala: ‘doutor, tenho um vizinho que gostou muito do seu trabalho, você é uma pessoa educada, uma pessoa competente, o meu vizinho gostou muito do senhor e tem um peixe pra mandar para o senhor. Agora, só quero o dinheiro do gelo’. Nessa brincadeira, ele pegava R$ 30, pegava R$ 50, pegava quanto davam para ele e ia passando pra frente”, conta o sargento M. Silva.
Vieira confessou ao policial que aplicou o golpe em cerca de 20 clínicas, mas esse número seria bem maior. Num grupo de odontólogos, no whatsApp, a maioria dos médicos se colocou também como vítima do homem. “Tem um grupo de whatsApp, de dentistas da cidade, que diz que foram quase todos da cidade. Grupo de médicos, de dentistas da cidade. E ele já passou em quase todos”, diz o sargento M.Silva.
Com Vieira, os policias encontraram vários documentos, que seriam falsos e usados para o golpe. “Eu achei esses documentos tudo no chão. Nenhum desses três é meu, não. Eu ia até deixar na rádio para achar os donos”, afirma o acusado. O sargento M. Silva se contrapõe: “Ele diz que achou esses documentos aí, que estavam perdidos não sei onde. Só que ele, na hora que começo a escrever e pergunto o nome dele de novo, ele já não lembra o nome dele. É outro nome que ele dá”.
Existe a possibilidade de Vieira de ter ido a uma mesma clínica dar o golpe por não se lembrar que já havia passado por lá antes. “A vítima já tinha sido vítima no passado também. Hoje não aguentou, chamou a gente e nós o pegamos em flagrante lá”, conta M. Silva, que demonstra inconformismo por um homem, já idoso, enganar os outros. “Não dá pra saber quem é decente mais. Por que o cara, com essa idade, faz um negócio desse? O que vamos falar dos mais novos, né?! É triste”, lamenta o sargento.