No penúltimo mês de 2019, a produção da indústria paraense recuou 1,8% em relação ao mês de outubro e, para piorar, apresentou queda de 3,5% em relação a novembro do ano passado. Os dados foram divulgados na manhã desta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que revela que a economia do estado, altamente centrada na cadeia mineral, não teve um ano bom em sua produção física.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que procurou entender as razões pelas quais a produtividade física do Pará entrou em franco declínio, mesmo o estado tendo faturado mais em moeda estrangeira com, por exemplo, seu principal produto, que é o minério de ferro. Os números consolidados para o ano de 2019 inteiro só vão ser conhecidos no dia 11 de fevereiro.
O Blog levantou junto ao Ministério da Economia que no ano passado o Pará atropelou Paraná e Mato Grosso e se tornou o 5º maior exportador nacional, movimentando 17,49 bilhões de dólares, um retumbante crescimento de 12,3% em relação ao valor das exportações de 2018. É o melhor resultado da história e o maior crescimento entre todas as Unidades da Federação que remeteram pelo menos 1 bilhão de dólares em commodities ao exterior.
Em 2020, o Pará ameaça tomar o 4º lugar do Rio Grande do Sul no ranking das exportações e, assim, só perder para São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. O estado nunca esteve tão bem na foto no quesito balança comercial, embora o retorno disso tudo venha em marcha lenta, quase parando, em forma de desenvolvimento humano e progresso social.
Mas por que a produção caiu, se os produtos alcançaram valor recorde?
Primeiro, é preciso entender que produção física diz respeito ao volume de commodities produzido e mensurado em tonelagem. Nesse quesito, a tonelagem do Pará é altamente centralizada na produção de minério de ferro, cuja lavra é realizada pela multinacional Vale. Foi a empresa a responsável — ainda que sem querer e indiretamente — por colocar o Pará nas estatísticas de produção industrial do IBGE, devido ao volume robusto de minério extraído por aqui. Em seguida, entraram na cesta para diversificar a produção industrial cobre, alumínio, barras de aço, alimentos, bebidas, papel e produtos de madeira.
Ocorre, porém, que o peso do minério de ferro é preponderante sobre os demais itens exportados e foi ele quem puxou a produção paraense para baixo. Enquanto, por exemplo, a produção metalúrgica registrada em Marabá e Barcarena disparou, segundo o IBGE, 64,4% em novembro de 2019 em relação ao mesmo mês de 2018, a extração de minério de ferro caiu 4,9% no mesmo período. Em tese, a produção metalúrgica compensaria com folga a baixa da produção de minério, mas na prática isso não ocorreu porque o volume físico de minério é imensamente superior ao volume físico de produtos metalúrgicos e afins.
O Blog do Zé Dudu cruzou dados do IBGE com os do Ministério da Economia e concluiu que de fato no mês de novembro a produção de minério de ferro paraense despencou de 17,24 milhões de toneladas (Mt) em 2018 para 16,6 Mt em 2019. A baixa é liderada por Parauapebas, que diminuiu a atividade na Serra Norte de Carajás de 11,76 Mt para 9,69 Mt no período. Curionópolis, por conta da paralisação da mina na Serra Leste de Carajás, encolheu drasticamente de 266 mil toneladas para 2.000. O resultado só não foi ainda pior porque a mina de S11D, na Serra Sul, no município de Canaã dos Carajás, foi na contramão e cresceu de 5,21 Mt para 6,9 Mt.