Técnicos do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) concluíram o II Módulo de capacitação em Melipolinicultura com moradores das comunidades do entorno da Área de Proteção Ambiental (APA) do Araguaia, no sudeste do Pará. Com o tema “Biologia e Manejo de Abelhas Nativas da Amazônia”, a capacitação visa proporcionar aos participantes a formação no manejo básico das abelhas nativas sem ferrão.
O módulo foi realizado agora em dezembro, na sede da Gerência Administrativa da Região do Araguaia (GRA), no município de São Geraldo do Araguaia. Na APA do Araguaia, 22 moradores já atuam desde 2018 no Projeto “Abelhas Nativas: Importância para Agricultura Familiar e Conservação da Biodiversidade”.
O objetivo do projeto é promover apoio à geração de renda e valorização das comunidades que vivem na APA. A capacitação, iniciada em 2019, foi interrompida em 2020, devido à pandemia de covid-19, e retomada em dezembro deste ano. Segundo o Ideflor-Bio, o reinício do curso só foi possível em razão do avanço da campanha de vacinação contra a doença, conforme indicam dados da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sespa).
O órgão destaca que sua equipe técnica e das instituições parceiras nesse trabalho de campo já concluíram a imunização com as duas doses da vacina contra a doença. O curso é dividido em quatro etapas.
O Módulo l compreende conceitos gerais e noções básicas sobre a biologia das abelhas e a meliponicultura, apresentação dos meliprodutos (diferentes tipos de mel, pólen e própolis), ferramentas e equipamentos necessários à atividade. Já o Módulo II, concluído agora, aborda o manejo de colônias, identificação e controle de inimigos naturais das abelhas, plantas melitófilas (sistema de polinização em que determinadas espécies de plantas atraem insetos, especialmente abelhas e vespas, para que possam fazer a polinização), além da legislação sobre meliponicultura.
Nos módulos III e IV, os participantes irão aprender a confeccionar “caixas racionais”, que facilitam a multiplicação dos ninhos e a colheita do mel. Esse tipo de caixa é adequada ao cultivo de várias espécies de uruçus paraenses, especialmente a cinzenta (Melipona Fasciculata), amarela (M. Flavolineata), taquaruçu (M. Seminigra do Tapajós) e boca-de-renda-do-Pará (M. Seminigra Pernigra).
Os módulos incluem ainda palestras sobre empreendedorismo que serão realizadas no primeiro semestre de 2022. O Ideflor-Bio ressalta que a meliponicultura é uma atividade agroecológica que trabalha a criação racional de espécies de abelhas nativas, ainda pouco desenvolvida no Pará.
A atividade vem ganhando destaque em todo o Brasil, como prática agrícola sustentável, principalmente por ter condições de ser desenvolvida por comunidades tradicionais dentro de Unidades de Conservação, incentivando o interesse de criadores e dos órgãos de apoio às atividades voltadas à agricultura familiar e de conservação. É considerada uma excelente alternativa para a geração de renda.
A presidente do Ideflor-Bio, Karla Bengtson, observa que o Instituto fomenta a difusão do projeto da meliponicultura e capacita os comunitários, por meio dos técnicos do órgão, apresentando técnicas específicas para instalação das colmeias, manuseio e alimentação das abelhas, entre outras ações. No decorrer da capacitação, os agricultores recebem materiais necessários para investir no processamento da cadeia produtiva do mel e garantir segurança e produtividade.
Tina DeBord – com informações do Ideflor-Bio