Incêndios põem Marabá e Parauapebas no top 10 do ranking de queimadas

Para esta quarta e quinta, o prognóstico não traz alívio. A região sudeste do Pará está classificada em risco de fogo alto a crítico

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O Núcleo de Monitoramento Hidrometeorológico (NMH) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMAS) divulgou, nesta terça-feira (24), um relatório que revela o avanço silencioso e devastador das queimadas sobre o estado do Pará. Marabá e Parauapebas sentiram esse impacto de forma severa nos últimos dias.

Na última segunda-feira (23), Marabá registrou nove focos de queimadas, enquanto Parauapebas chegou a doze. Em meio à vastidão da floresta e à extensão dos campos, o fogo, muitas vezes invisível aos olhos da cidade, acende suas chamas no solo, transformando em cinzas o que antes era verde e vivo.

No total, 334 focos foram detectados pelo satélite, cada um carregando consigo uma história de destruição. Em Marabá, essas queimadas representam mais do que números – são sinais de uma paisagem que luta para respirar, sufocada pelo avanço das chamas. A floresta, que abriga biodiversidade e sustenta comunidades, foi atingida com 182 desses focos, enquanto 152 queimadas foram registradas em áreas de pastagem e perímetros urbanos, afetando o cotidiano de quem vive próximo a essas áreas.

São Félix do Xingu, que abriga o maior rebanho bovino do país, e está a 499 km de Marabá, lidera esse triste ranking com 45 focos, seguido por Portel, com 34, e Santana do Araguaia, com 29. O município marabaense está entre os que testemunham a ferida aberta no território, onde o fogo consome não apenas a vegetação, mas também a esperança de dias mais tranquilos.

Nas áreas protegidas, o fogo também deixou sua marca. Foram 95 focos registrados em Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs), áreas sagradas para a preservação da natureza e das culturas tradicionais. Embora Marabá não tenha sido diretamente atingida nessas áreas, a proximidade com esses focos traz uma preocupação latente. O vento carrega consigo não só a fumaça, mas o medo de que o fogo avance e abrace o que ainda resta.

De 1º de janeiro de 2024 até 2 de setembro de 2024, o Pará registrou 21.772 focos ativos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número de focos apontados nas últimas 48 horas representa 12,86% do total registrado ao longo deste ano. Agosto foi o mês com maior índice de queimadas no Pará, com 13.803 ocorrências de focos.

Queimadas provocadas em florestas são consideradas um crime ambiental. Conforme consta no artigo 50 do Decreto Federal 6.514/2008, incorre em infração destruir ou danificar florestas ou qualquer tipo de vegetação nativa ou de espécies plantadas sem autorização ou licença da autoridade ambiental competente, resultando em multas a partir de R$ 5 mil por hectare.

PREVISÕES

Para esta quarta (25) e quinta-feira (26), o prognóstico não traz alívio. A região sudeste do Pará está classificada em risco de fogo alto a crítico. Cada rajada de vento e tarde quente traz consigo a possibilidade de novas chamas. Os modelos climáticos regionais e globais projetam que o cenário pode se agravar, especialmente nas áreas mais secas, enquanto outras regiões, como o Baixo Amazonas, enfrentam riscos um pouco menores.

Em meio a esse cenário, a legislação se ergue como uma tentativa de proteção. As queimadas em áreas de floresta configuram crime, e, enquanto a Lei Estadual 5.887/1995 e a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998) reforçam essa proteção, muitas vezes chegam tarde demais para apagar o que já foi consumido.