Índice de preços indica que preço da carne ao consumidor registra queda de 6,8%

A proteína está 2,89% mais barata em comparação com o final de 2023
Corte de picanha pronto para o preparo

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Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC-A), pesquisa que cobre as áreas urbanas do país e mede os reflexos da inflação para o orçamento de famílias que têm renda de um a 40 salários mínimos (R$ 1.412 a R$ 56.480), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou queda no preço das carnes desde o início do ano.

Segundo a pesquisa, no acumulado dos últimos seis meses, a inflação das carnes frescas é negativa em 2,89%. Ou seja, a carne está 2,89% mais barata na comparação com o final de 2023. Se comparada a maio de 2023, a redução de preço acumulada em 12 meses é ainda maior: -6,48%. No mês de junho deste ano, a queda foi de 0,47% em relação a maio.

Com a diminuição constante dos preços, a promessa de campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está sendo cumprida. A “picanha do Lula”, ou o “churrasco do Lula” — expressões que se tornaram populares entre o segundo semestre de 2022 e o início de 2023 — estão mais baratos, mesmo.

Se a pessoa que estiver encarregada da grelha de um suculento churrasco optar por incluir pescados no preparo, a inflação ainda assim não estragaria a festa. Em junho, o preço dos pescados caiu 0,80% no Brasil. Se não for afeito a planejamento, ainda assim o churrasqueiro não vai pagar muito mais caro: o preço da carne industrializada, aquela comprada no supermercado de última hora, acumula queda de 2,84% nos últimos 12 meses.

No item bebidas, os preços não estão negativos, mas, em junho, a inflação ficou sob controle. No grupo “bebidas e infusões” — designação usada pelo IBGE — o índice em junho foi de 0,67%. No acumulado dos seis meses, o índice é de 6,09% e, de junho de 2023 até junho deste ano, um pouco menor, 5,74%. Neste caso vale, por mais de um motivo, beber com moderação.

Entre as cidades que registraram queda na inflação das carnes frescas em junho deste ano, o melhor resultado foi o de Belém, com (-)2,69%. Nos seis meses deste ano, a campeã foi Rio de Janeiro, com (-)5,11. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a maior queda se deu em Salvador, com (-)10,83%.

Uma das razões para a queda nos preços das carnes é a oferta. Segundo dados do IBGE, foram produzidas 8,91 milhões de toneladas de carne bovina em 2023, 11,2% a mais que em 2022, e 8,6% acima do recorde anterior, obtido em 2019. Mas não só. O excedente foi direcionado para consumo interno, e não para exportação.

Pesquisa da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), da Universidade de São Paulo, destaca que, em termos absolutos, em 2023, o volume de carne aumentou em 900 mil toneladas frente a 2022, ao passo que a exportação foi ampliada em apenas 22,8 mil toneladas, para 2,29 milhões de toneladas. O aumento da capacidade de consumo interno, com o impulso da geração de empregos e melhoria de renda, pesou no processo de controle de preços.

Com a inclusão das carnes nos itens da cesta básica que ficarão isentos de impostos, como decidiu a Câmara dos Deputados ao regulamentar a Reforma Tributária, no longo prazo a pressão sobre os preços via tributos deve diminuir. A ideia, por sinal, foi defendida por Lula em entrevistas que antecederam a votação na Câmara.

Para que a reforma seja transformada em Lei, há uma preocupação desde já. É que declarações de vários senadores na quarta-feira (17), véspera do recesso parlamentar que vai de 18 de julho ao dia 30 desse mês, criticaram o texto aprovado na Câmara dos Deputados, o que sugere que o texto passará por mudanças na Casa Revisora. Entretanto, e dependendo do que for modificado, o projeto de lei complementar (PLP nº 68/2024), volta à Câmara dos Deputados e pode ser rejeitado pelos deputados.

* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.