O anúncio, pelo governo do Maranhão, da instalação da siderúrgica chinesa CBSteel na cidade de Bacabeiras, onde o empreendimento, de 8 bilhões de dólares (cerca de 27 bilhões de reais), vai gerar uma produção de 10 milhões de toneladas de aço e 10 mil empregos, continua repercutindo em Marabá. Após entrevista do presidente da Associação Comercial e Industrial, Ítalo Ipojucan, na qual ele diz que a falta de coesão política faz o Pará andar para trás – publicada neste Blog -, agora foi a vez de a vereadora Irismar Araújo Melo (PR), presidente da Comissão Especial de Desenvolvimento da Câmara Municipal de Marabá, fazer pronunciamento contundente na sessão ordinária desta terça-feira (3).
Irismar, também ouvida pela Reportagem do Blog, afirma que não pode deixar de manifestar sua indignação, por conta de todo o histórico do Estado e, sobretudo, da região, eminentemente mineradora, cujo sonho da população, há décadas, é ver o mineral extraído das minas locais também ser verticalizado aqui. “Aí, cria-se expectativas, faz-se projetos, mas, na prática, não se concretizam. Então, o nosso povo já está cansado disso”, lamenta ela.
Bancada fraca
A vereadora afirma que não é avessa ao que está acontecendo no Maranhão, pelo contrário, elogia o governo daquele Estado pela conquista, “porque é assim que gestor tem de ser, se preocupar com o seu Estado, buscar melhoria e desenvolvimento socioeconômico”.
“É um Estado considerado pobre, mas onde a economia está sendo alavancada em investimentos em indústrias porque tem uma gestão compromissada e, obviamente, deve ter uma bancada política também compromissada, com políticos fortes”, avalia ela, lembrando que não pode deixar de mostrar indignação, “por nós termos uma bancada fraca e um governo incompetente nesse quesito”.
Irismar Melo lembra que o sonho de emancipação da região também floresceu e se fortalece “por conta desse desrespeito, dessa falta de força e de comprometimento com a nossa região”. “Nós não vamos abrir mão desse sonho e desse direito que temos, de ver a verticalização mineral”, avisa.
Migalhas
A vereadora lembra que Marabá é um município produtor, que tem em seu território o Projeto Salobo, mas não se vê reflexo disso na melhoria da qualidade de vida da população. Salientando, ainda, que existe hoje um índice muito alto de desemprego e um Distrito Industrial com pouquíssimos empreendimentos.
“Nós precisamos melhorar isso, é compromisso nosso como políticos, mesmo como parlamento mirim, de buscar meios de melhorar a vida da nossa gente. Então, nós temos de fazer esse debate. Precisamos chegar até essas instâncias maiores e à própria Vale que, entende que as migalhas que nos dá são suficientes”, dispara.
Na opinião de Irismar, é hora de parar de aceitar esse tipo de postura da Vale. Ela diz que a mineradora precisa respeitar o compromisso efetivo com o povo da região: “E a gente não vai abrir mão disso, vamos estar buscando, enquanto presidente da Comissão Especial de Desenvolvimento, que o governo do Estado e a Vale venham dialogar conosco, como deve ser numa sociedade democrática”.
Manifesto
Ela afirma que vai ouvir a necessidade da população para poder agir naquilo que é interesse dessa população. E, segundo Irismar, é interesse da comunidade a verticalização mineral: “Nós não abriremos mão e, incansavelmente, vamos estar alardeando e buscando que isso venha a se concretizar na nossa região”.
Indagada se pretende se manifestar de alguma forma em relação ao fato de mais uma vez o Pará ficar apenas como o produtor do minério, enquanto outros ganham com a verticalização, Irismar Melo afirma que está em elaboração um manifesto, que será assinado por todos os vereadores e encaminhado para o governo estadual, aos políticos da bancada paraense em Brasília e à Vale, no sentido de realmente formalizar a indignação do povo do sudeste do Pará, “com a falta de compromisso com a região, no sentido de assegurar a siderurgia de Marabá e a verticalização mineral”.
Irismar afirma, ainda, entender que essa luta não é somente da classe política, conclama os empresários a também abraçarem a causa para que os anseios possam se concretizar: “É preciso compreender que dentro dessa cadeia de produção o envolvimento da classe política é importante, mas é preciso também que os empresários, aqueles que fomentam, aqueles que executam possam estar junto conosco”, enfatiza.
Reunião
Irismar antecipou ao Blog que no próximo dia 20, uma sexta-feira, às 9h, haverá, na Câmara Municipal de Marabá, uma grande reunião com a Codec (Companhia de Desenvolvimento Econômico do Pará), empresários do ramo de siderurgia e aqueles que se identificam com a causa, debatendo os caminhos para a busca o incentivo, não só fiscal, mas mineral e ambiental para que os empresários locais possam reativar as siderúrgicas e também implantar empreendimentos, uma vez que Marabá tem um Distrito Industrial funcionando desde 1987, mas que agora está praticamente falido.
“Então é preciso que nós, como parte política, que sentimos na pele, todos os dias, a necessidade, a falta de emprego e as consequências disso, façamos alguma coisa efetivamente. Estamos buscando esse debate e, se Deus quiser, vamos avançar na geração de emprego e renda e na implantação de empresas aqui em Marabá”, acentua Irismar Melo.
4 comentários em “Indignação por mais uma vez o Pará ficar para trás chega à Câmara Municipal de Marabá”
O governador comunista Flávio Dino e sua bancada parecem serem articulados e parecem também um pouco mais compromissado com seu povo, por aqui tem uns liberais e de direita que não conseguem nem o do sal.
Tudo conversa fiada, obviamente reavivada pela aproximação das eleições. Isto não passa de mais uma versão do Estelionato Eleitoral financiado já há décadas pala quadrilha instalada no legislativo, executivo e judiciário dessa região, tendo como principal agente a Vale e seus diretores, além da ACIM que durante todo este tempo, exclusivamente, servio de suporte aos algozes do município. Velhas raposas da política não têm legitimidade para sustentar esse tipo de discurso “nacionalista”. São tão responsáveis ou mais quanto aqueles que saquearam e saqueiam os cofres públicos e a moralidade administrativa.
Este é um tema superado e vazio, como disse, um estelionato. O caminho é o agronegócio, a economia criativa, e a intervenção do Salobo.em prol da população de Marabá.
É isso mesmo, Wander.
Esses políticos fazem alarde para tentar justificar ao povo a sua indignação, mas não contribuem em nada para implantar projetos que estão aguardando licenciamento. A conjuntura muda e as empresas precisam buscar outro lugar mais atraente para se instalar. Aí, só resta esbravejar!
A Buritirama está a um ano esperando a licença para instalar a sinterizacao no município e ninguém fala do atraso no processo e a falta de atenção com a implantação do projeto de verticalização do manganês.
Lamentável hipocrisia das autoridades !
Depois o projeto não se consolida e aí vão chorar o leite derramado de novo .
Vamos em frente.
Wander