Armados com facão, lanças e flechas, um grupo de índios Kayapó bloqueou no final da manhã desta quarta-feira (22), o acesso ao Projeto Onça Puma, da mineradora Vale, localizado no município de Ourilândia do Norte, no sudeste do Pará. Os índios, que já vinham ameaçando fechar o empreendimento mineral desde a semana passada, quando iniciaram essa manifestação, cobram a liberação de um recurso de R$ 100 milhões referente a mitigações do projeto Onça Puma e agora mais R$ 7 milhões que teriam sido prometidos a eles pela Vale na última sexta-feira (17).
A área de entrada do projeto está sendo guarnecida neste momento por polícia militares do 36º Batalhão, localizado em Ourilândia do Norte. Os índios, no entanto, comunicaram ao coronel Wendel, comandante do batalhão e que está no local, que a entrada do projeto está fechada e que não irão permitir a entrada ou saída de veículos do local.
O comandante pediu a um dos liderem indígenas que as viaturas da PM tivessem livre acesso, o que foi acordado. Segundo os índios Kaiapó, mais “irmão” da aldeia estão seguindo para o local, para reforçar a manifestação, que não tem prazo para acabar.
Na semana passada, eles se mobilizaram em Tucumã, também no sudeste do Pará, aguardando uma resposta sobre o pagamento do recurso referente a mitigações sobre o Projeto Onça Puma. Em 2018, a mineradora Vale foi condenada pelo Tribunal Regional Federal (TRF), da Primeira Região, a pagar indenização de mais de 100 milhões de reais, valores devidos desde 2015, aos índios Xikrin e Kayapó, impactados pelo projeto mineral.
A justiça determinou que o pagamento da indenização deve ser realizado mensalmente por meio de um salário mínimo por indígena de cada comunidade. É esse recurso que eles cobram e dizem que só deixam o projeto mineral após ter garantias que irão recebê-lo.
A Vale ainda não divulgou nota o sobre o bloqueio da entrada do projeto Onça Puma. Em nota, na semana passada, a empresa informou que vem cumprindo integralmente acordo judicial. A empresa ressalta ainda que já depositou aproximadamente R$ 100 milhões em juízo do valor acordado.
(Tina Santos)