É crítico o panorama da atividade industrial paraense — ao menos do ponto de vista da quantidade física — que se fundamenta basicamente na indústria extrativa mineral. Em um ano marcado pela loucura no mercado de commodities, em que o principal astro do portfólio, o minério de ferro, chegou a passar de 230 dólares por tonelada, tornando muitas prefeituras exageradamente endinheiradas, o Pará ainda assim viu sua produção física pisar no freio, desacelerar e, pior, apresentar recordes negativos perante outras praças nacionais.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de produção física regional divulgada na manhã desta quinta (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o levantamento, a indústria paraense desabou 4,2% de setembro para outubro e retrocedeu 14,2% frente a outubro do ano passado.
Para piorar, a produção industrial do estado acumula baixa de 3,7% de janeiro a outubro deste ano e também sofre com queda de 3,2% no período de 12 meses corridos. O Pará é a única região, entre as 15 pesquisadas pelo IBGE, com queda no recorte dos quatro cenários. E de setembro para outubro apresentou o segundo pior desempenho nacional, atrás apenas de Santa Catarina.
Na comparação entre locais pesquisados, levando-se em conta outubro do ano passado, a situação paraense é a pior, enquanto o Rio de Janeiro, por outro lado, apresentou crescimento na atividade industrial de 6,6%. Já no acumulado do ano, enquanto a maior economia do Norte cai, Santa Catarina ostenta avanço consolidado de 13,8%.
Pouco minério, muito lucro: o menos que é mais
Os fundamentos que geram a queda expressiva na atividade produtiva, por tonelagem, da indústria paraense têm a ver com o minério de ferro, que, embora tenha gerado muito lucro à mineradora multinacional Vale e royalties ao estado do Pará e a municípios como Parauapebas e Canaã dos Carajás, não alcança o mesmo volume de produção de outrora.
A propósito, os lucros fenomenais da mineração têm sido obtidos não pelo aumento da produção, mas pela valorização do minério no mercado internacional. A produção física despencou em volume global, e isso afeta diretamente as estatísticas do IBGE, que é sensível a quantidades. Corroborando com a análise do Blog, o instituto afirma que o “Pará foi pressionado, principalmente, pelo comportamento negativo dos setores de indústrias extrativas”.