Brasília – A incoerência da exploração sustentável da Amazônia começa a ser vista pelas autoridades como o primeiro desafio a ser enfrentado para que a base do modelo produtivo na região seja encarada com a atenção que merece. Dois encontros provocados pelo senador Zequinha Marinho (PSC-PA), um em Belém e outro em Brasília, com um dos setores mais afetados pela crescente criminalização da legislação ambiental – o setor madeireiro pede socorro e busca uma saída que crie outras bases para garantir a sua sobrevivência.
Um primeiro encontro para discutir o assunto ocorreu na sede da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), em Belém, na quarta-feira (2). A reunião tratou sobre as bases do que pode ser feito para frear o avanço da criminalização generalizada do setor madeireiro, especialmente o exportador.
A legalização do setor produtivo no estado foi a pauta base. O evento contou com a presença de representantes do ITERPA, INCRA, IDEFLOR, além do secretário da Semas, Mauro Ó de Almeida, atual vice-prefeito e prefeito eleito de Novo Progresso, Gelson Dill, vice-prefeito eleito de Altamira, Jorge Gonçalves, e lideranças dos municípios de Anapu, Cachoeira da Serra e Castelo dos Sonhos.
Gelson Dill considerou a reunião muito importante e positiva. “Este momento nos proporcionou a discussão sobre os problemas que nós temos nas áreas mais distantes da capital do estado, no sentido de fazer com que a regularização fundiária e ambiental alcance esses municípios do sudoeste do Pará, aonde temos diversos conflitos com relação à fiscalização e essas regularizações. Então, a abertura desse diálogo é muito importante para encontrarmos soluções para essas questões,” enfatizou o prefeito eleito.
O vereador Régis, de Anapu, agradeceu ao senador Zequinha Marinho pela inciativa: “Sempre temos boa receptividade por parte do Senador em ajudar o setor produtivo paraense. Temos certeza de que esta iniciativa do nosso representante no Senado Federal muito contribuirá para o avanço na busca de alternativas que irão solucionar questões importantes para o segmento na nossa região”.
Contradições do modelo produtivo
Embora o setor mineral paraense caminhe para ser o de maior geração de divisas do estado, ele expõe o “calcanhar de Aquiles” de contradições do modelo produtivo na Amazônia. Como a atividade não é renovável, sua sustentabilidade é zero.
Enquanto isso, o setor madeireiro “paga o pato do Círio de Nazaré” e recebe no colo a pecha de responsável por toda espécie de crimes ambiental na região. Entra governo, sai governo, o setor madeireiro caminha a passos de caranguejo – incertos, hora para os lados, geralmente para trás, e raramente avança como indústria fundamental na geração de divisas, exportação de produtos, geração de empregos e principalmente, a palavra da moda: sustentabilidade. O setor pode ser o mais renovável e sustentável da Amazônia.
O setor de base florestal paraense, representado pela Associação da Cadeia Produtiva Florestal da Amazônia (Unifloresta) e Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará (Aimex), preocupado com a criminalização generalizada da atividade florestal nacional, quer e precisa avançar em premissas de sustentabilidade e segurança jurídica para que a atividade não entre em colapso.
Grupo de trabalho
Na quarta-feira (9), em Brasília, dando continuidade à discussão iniciada em Belém, os representantes da indústria madeireira do Pará solicitaram o apoio do senador Zequinha Marinho para a implementação, a nível de Congresso Nacional, de um grupo de trabalho a fim de que se acompanhe a atividade de base florestal nacional, visando dar mais segurança para quem trabalha nesse ramo de atividade de maneira legal. Uma espécie de monitoramento a nível parlamentar, com emissão de relatórios sobre as ações realizadas.
“Nos propusemos a estudar a possibilidade de criação deste grupo de trabalho, assim como manifestamos apoio à participação do setor florestal paraense junto à Frente Parlamentar do Agropecuária,” comprometeu-se o parlamentar, que acaba de ser eleito Vice-Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), uma das mais importantes bancadas do Congresso Nacional, para o para o biênio 2021-2022.
Enquanto os avanços estão no campo dos projetos, intenções e promessas, o setor é o mais criminalizado do país, culpado por crimes ambientais, descaminho e contrabando de madeira para o exterior.
Val-André Mutran – É correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília