Guiada majoritariamente pelas milhões de toneladas de minério de ferro e outros recursos minerais extraídos do subsolo paraense, a atividade industrial do estado encolheu em 2020, quando vários setores da economia se viram obrigados a paralisar atividades, entre março e junho, para tentar conter a propagação da Covid-19, doença causada pelo coronavírus. No ano de pandemia, o Pará registrou baixa de 0,1% na produção física, segundo dados consolidados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgados na manhã desta terça-feira (9). As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu.
A atividade industrial paraense vinha cambaleando, chegou a crescer 3,6% em dezembro (no comparativo com novembro) e 2,3% (no confronto entre dezembro de 2020 com o mesmo período de 2019), mas nada disso foi suficiente para compensar as perdas acumuladas durante o ano. Dos 15 locais industriais pesquisados no país, só Pernambuco (3,7%), Rio de Janeiro (0,2%) e Goiás (0,1%) fecharam o ano no azul, enquanto Espírito Santo (-13,9%), Ceará (-6,1%) e São Paulo (-5,7%) registraram os piores desempenhos.
De acordo com o IBGE, o Pará apresentou crescimento em 13 de 25 segmentos de produtos industriais pesquisados no mês de dezembro. Cresceu intensamente em setores nos quais o faturamento comprovadamente cresceu, como a extração de minérios de ferro, cobre e alumínio, mas a produção física despencou no final do ano nos ramos de carnes (tanto frescas quanto congeladas), caulim e ferro-gusa, estes os quais adicionam milhões de toneladas em volume ao cash da atividade local.
Analisando-se mês a mês, março do ano passado reportou queda de 9,8%, superando a baixa de janeiro, quando fora registrado 5,2% de tombo na produção industrial paraense.
Baixa produção física x alto faturamento
Apesar do leve recuo da indústria paraense, a economia do estado só tem a comemorar pelo transcurso de 2020. Isso porque nunca se exportou tanto no Pará quanto no ano passado, e isso pode ser explicado pela valorização fora do comum de produtos da terra no mercado internacional. O Blog apurou que o Pará encerrou a década como 4º maior exportador, tendo transacionado 20,536 bilhões de dólares, atrás apenas de São Paulo (US$ 42,387 bilhões), Minas Gerais (US$ 26,231 bilhões) e Rio de Janeiro (US$ 22,489 bilhões).
A maior economia do Norte bateu com folga o agrícola Mato Grosso (US$ 18,159 bilhões) e as potências do “Sul Maravilha”, Paraná (US$ 16,429 bilhões), Rio Grande do Sul (US$ 14,049 bilhões) e Santa Catarina (US$ 8,128 bilhões). Em dezembro, o Pará bateu recorde de exportações com 1,992 bilhão de dólares transacionados, perdendo apenas para São Paulo (4,085 bilhões de dólares) e Minas Gerais (2,669 bilhões de dólares). No acumulado dos 12 meses de 2020, o estado exportou 15% a mais que os 17,841 bilhões de dólares processados em 2019.
Para além disso, o Pará tornou-se 1º em superávit, vencendo todas as demais 26 Unidades da Federação, porque é um estado que exporta muitas commodities primárias e importa pouco produto industrializado. Seis estados e o Distrito Federal deram mais prejuízo que lucro ao Brasil nas transações comerciais, dado o desequilíbrio entre exportações e importações. Em linhas gerais, o Pará nunca antes esteve tão bem na foto.