Infraestrutura pede liberação de R$ 2,4 bi para não paralisar obras em rodovias

Ministério tem o menor orçamento de sua história
O ministro da Economia, no entanto, alertou que algum outro ministro vai reclamar da retirada de verbas

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Brasília – Diante do desafio de administrar o menor orçamento de sua história, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, pediu à Casa Civil e ao Ministério da Economia a liberação de R$ 2,4 bilhões para 2021. Destes recursos, a pasta afirma que precisa “urgentemente” de R$ 1 bilhão até o início do segundo semestre, para evitar a interrupção de obras e recuperação em rodovias no Pará, Amazonas, Goiás, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

Essa semana, Guedes participou de audiência na Comissão de Acompanhamento da Covid-19 no Senado e disse aos membros do colegiado: “Bolsonaro pediu para ‘tirar dinheiro de onde for’ para bancar obras em estradas do Tarcísio”.

Ciente do “jogo político”, o ministro da Economia, no entanto, alertou que algum outro ministro vai reclamar da retirada de verbas.

“O presidente outro dia nós chamou e falou: ‘Tira dinheiro de onde for, tira de qualquer dinheiro’ e deu um número, prefiro não dizer qual é agora, ‘eu quero tanto de dinheiro para o Tarcísio [de Freitas, ministro da Infraestrutura] nos próximos 3 ou 4 dias, tem que ter esse dinheiro porque senão vai afetar a degradação das estradas brasileiras’,” explicou o mandatário.

Guedes então explicou aos senadores que vai realocar os recursos pedidos pelo presidente, mas eles terão de ser retirados de outros lugares:

“Nós vamos arrumar o dinheiro, mas como estamos embaixo do teto [de gastos], dois minutos depois um outro ministro vai dar um pulo em outro lugar e falar: ‘Está tirando meu dinheiro daqui’. Eu tenho que dizer: ‘É a política’. Enquanto não assumirmos o controle dos orçamentos, estamos presos embaixo deste teto, esse degraçado desse teto, mas que no fundo é o que tem nos permitido não desorganizar a economia enquanto estamos lutando com a pandemia,” disse o ministro.

Do R$ 1 bilhão prioritário, R$ 430 milhões seriam para evitar a interrupção de obras rodoviárias, como as da BR319/AM, BR-163/PA, BR-080/GO, BR-419/MS e BR-470/SC. Os outros quase R$ 600 milhões seriam para conservação e recuperação de ativos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), especialmente nas rodovias do Norte, que com a estiagem, não podem parar antes do período de chuvas, a partir de dezembro.

Por Val-André Mutran – de Brasília