Um estudo inédito organizado e publicado no último final de semana pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap), em parceria com a consultoria Endeavor, reforça a onda de más notícias que sempre pairaram em torno do desenvolvimento do Pará: as maiores cidades do estado perdem a capacidade de empreender e gerar negócios rentáveis pela deficiência, entre outros aspectos, em infraestrutura e em capital social. É uma espécie de vergonha anunciada e que, ao que parece, já se naturalizou no estado.
O Blog do Zé Dudu analisou o chamado “Índice de Cidades Empreendedoras” (confira a íntegra da pesquisa aqui, elaborado pela Enap, e percebeu que, entre as 100 cidades mais populosas do Brasil investigadas, Ananindeua, Belém e Santarém — únicas paraenses consideradas no estudo — são as piores no quesito infraestrutura e algumas das piores em diversos outros recortes. No quadro geral do índice, as três cidades também aparecem lá atrás, no fundão: Belém na 82ª posição, com 5,141709 pontos numa escala que vai de 0 a 10; Ananindeua na 88ª, com 4,806101 pontos; e Santarém na 90ª, com 4,799787. Por outro lado, São Paulo (9,505917 pontos), Florianópolis (8,121951 pontos), Osasco (7,936522 pontos) e Vitória (7,905400 pontos) lideram o ranking do empreendedorismo.
O estudo busca analisar o ambiente de negócios das cidades para mostrar quais delas possuem as condições mais propícias para o desenvolvimento do ecossistema empreendedor e por quê, a fim de apontar como essas cidades podem criar melhores condições para o desenvolvimento do empreendedorismo. E as cidades paraenses falham por vários fatores considerados essenciais no estudo, como ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora.
O atraso social de Belém, Ananindeua e Santarém reflete e é refletido em dados relativos ao capital disponível, como operações de crédito por município, proporção relativa de capital de risco e capital poupado per capita; e também em infraestrutura, que avalia questões como transporte interurbano, acesso à internet rápida, preço médio do metro quadrado e custo da energia.
Indicadores como alto desempenho dos alunos no Enem, alta proporção de adultos com ensino médio completo, de matriculados no ensino técnico e profissionalizante, de adultos com ensino superior completo e de alunos com formação superior em cursos avaliados como sendo de alta qualidade compõem o resultado, mas não é a realidade aqui no estado.
O estudo mostra o potencial que os municípios paraenses têm de crescer e fomentar negócios lucrativos, gerando emprego e renda, mas chama atenção para a necessidade urgente de lugares como o Pará se empenharem em prol do desenvolvimento local, com foco no social, já que os indicadores de capital humano, distribuição de renda, infraestrutura e acesso a serviços básicos são reconhecidamente muito ruins.
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