Por Brenda Linhares
O que é, afinal, uma das mais citadas palavras em nosso dia a dia? Principalmente em tempos de Rio +20 quando se discute aquecimento global, envelhecimento populacional, consumismo, civilização, verde, verde, verde, produtos biodegradáveis, emissão de gases…. O que é sustentabilidade e o que cada um de nos tem a ver com isso?
A sustentabilidade é um conceito sistêmico que engloba não só a questão ambiental, como se costuma pensar, como também (e principalmente) os aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais. Assim sendo, a sustentabilidade urbana pode ser traduzida como um equilíbrio entre os aspectos social, econômico, cultural e ambiental, permitindo, por exemplo, de forma prática, que uma cidade seja capaz de se desenvolver, aproveitando a tecnologia, mas com respeito às características ambientais da região onde se encontra, economia de seu país e cultura de seu povo. Com o alcance deste equilíbrio seria assumido um compromisso com o bem estar no presente e também para as futuras gerações.
E nós? Como está a agenda de sustentabilidade de Parauapebas? Em período de efervescência eleitoral, promessas de mudanças e mudanças de promessas: o bem estar dos atuais moradores e de nossas futuras gerações está realmente sendo levado em consideração?
Nossos digníssimos políticos estão, por acaso, realmente preocupados com educação, saneamento básico, alimentação, transporte público e moradia? Somos nós, indivíduos, e, portanto, a sociedade, responsáveis SIM pela sustentabilidade. Sozinhos certamente não temos força e poder para garantir o equilíbrio das searas citadas acima, mas olhemos ao nosso redor: o trânsito está cada dia mais caótico, temos um imenso número de vans – com motoristas em sua maioria irritantemente imprudentes e irresponsáveis, veículos em péssimas condições que transportam passageiros até em pé e sem a mínima condição de segurança -, péssima sinalização de vias, carros aos montes, caminhões, motocicletas e…onde estão as bicicletas – opção muito mais saudável e menos impactante ambientalmente, especialmente para pequenas distâncias? – Hum, bem… uma ou outra ainda se arrisca a transitar, porém no geral o lugar das “magrelas” tem sido dentro de casa. Afinal, como andar sobre duas rodas “analógicas” no meio de tanta loucura? Eis aí o papel dos cidadãos, da sociedade e não apenas do indivíduo como ser em particular: cobrar melhorias de infraestrutura, gestão e higiene que nos permitam exercer a sustentabilidade em seu contexto mais amplo.
Todavia, vamos além… estamos em uma unidade de conservação ambiental, dentro da Flonaca, Floresta Nacional de Carajás, parte integrante da famosa e mundialmente cobiçada floresta Amazônica. Controlamos rigorosamente, via Instituto Chico Mendes para a Biodiversidade (ICMBio) a entrada de pessoas nesta área, preservamos a fauna e flora local. Ok, lindo. Ambientalmente vamos muito bem, obrigada, entretanto, como reduzir nossas emissões de gás carbônico se estamos em uma área remota cujas estradas de acesso aos demais municípios do estado é lastimável em todas as suas vertentes (estrutura, acesso e segurança)? Trabalhamos duro, planejamos viagens com meses de antecedência e contamos com a compreensão de nossos queridíssimos bancos para um belo limite a fim de podermos garantir sair desta cidade e chegar até nossos destinos sãos e salvos, de avião. Resultado: trilhões de CO2 por dia. E aí?
Era uma casa muito engraçada…
Sem saneamento, sem energia, sem teto: realidade, sem graça, mas realidade. A jovem Parauapebas tem seríssimos problemas de moradia, parte pelo crescimento desordenado da cidade e parte pela absurda valorização imobiliária que atinge, além de cidades das regiões sul e sudeste, a Paris do Pará. Esgoto a céu aberto? Tem! Frequentes quedas de energia? Presente! Moradores de rua? Tem também!
Engraçado é saber que estamos em uma das províncias minerais mais ricas do mundo, a pouquíssimos quilômetros de distância de cidades planejadas,
integramos o ranking das cidades lideres em exportação do país e os royalties repassados pelo poder privado ao poder público são exorbitantes. Por que então não fomos nós a inventar as casas de aço, montadas em 10 horas, quentes no inverno e frescas no verão e com possibilidade de compra à vista, pelo programa Minha Casa, Minha Vida ou via financiamento pela Caixa Econômica? E, bem, se não tivemos a criatividade de pensar nisto por que não aderir à iniciativa desenvolvida por uma empresa catarinense da cidade de Brusque e que já entregou 300 casas na América do Sul e África?
Plantar, comer, colher, viver
De onde vêm os alimentos que consumimos? A maior parte de outros estados, o que lhes dá um período de validade extremamente reduzido se comparado à generalidade, já que a logística para chegada aos supermercados de nossa região é bastante ramificada e lenta. Produtos caros e sem qualidade, é o que temos por hora.
Por que não incentivar a agricultura familiar local? Reformar e fiscalizar a limpeza e qualidade do Mercado Municipal? Assim, reduziríamos custos com logística, diminuiríamos mais um pouquinho nossa cota de emissão, ganharíamos em qualidade, tempo e saúde.
Saúde, esta é outra que, cá entre nós, também não vai lá muito bem. Vejam o estado de nossos hospitais, ambulâncias, postos de saúde e, essencialmente, a qualidade dos profissionais deste ramo. Nos lados de cá qualquer mal estar é facilmente diagnosticado como gases, remédio bom é na veia e tudo para se a energia cai. Quem não tem saúde não pensa, não produz, não cuida de sua casa, não recicla seu lixo.
Uma sociedade enferma não poder ser sustentável.
Bom, voltemos à pergunta inicial então… como podemos tornar Parauapebas sustentável? Pense, reflita, o que você precisa para ter uma vida equilibrada (que, convenhamos, vem a ser uma vida sustentável)? Além dos
assuntos abordados no decorrer deste texto, precisamos ter cultura, segurança e o que mais? Avalie bem cada pequeno detalhe na hora de escolher seus candidatos e cobre deles uma atitude, uma proposta, um programa, um incentivo, um plano, resposta às suas perguntas.
Faça sua parte, cobrar do poder público municipal a qualificação da administração pública relacionada ao planejamento e gestão do território é um dever da sociedade organizada.