Invasão de mexilhões dourados no Rio Tocantins traz pesquisadores do Evandro Chagas a Marabá

Eles também monitoram a qualidade da água em três cursos, entre eles o Itacaiunas

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Desde a última segunda-feira, dia 14, e durante toda esta semana, técnicos e pesquisadores do Instituto Evandro Chagas, de Belém, está em Marabá, Itupiranga e Tucuruí para realizar a “Operação Água Limpa”, uma solicitação do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), por meio da Promotoria de Justiça Ambiental de Marabá e da Promotoria de Justiça da 3ª Região Agrária de Marabá, sob as titularidades das promotoras de Justiça Josélia Leontina de Barros Lopes e Alexssandra Muniz Mardegan.

A operação busca monitorar e avaliar os impactos da morte de peixes no Lago Vermelho I, localizado na zona rural de Marabá, e da invasão de mexilhões dourados no Pedral do Lourenção, no Rio Tocantins.

A iniciativa teve origem a partir da instauração de dois procedimentos administrativos extrajudiciais pela Promotoria de Justiça Ambiental de Marabá, visando entender os efeitos desses fenômenos na sociobiodiversidade e na vida das comunidades ribeirinhas, bem como o impacto socioeconômico nas famílias que dependem da pesca.

A morte em massa de peixes no Lago Vermelho e a invasão dos mexilhões dourados no Rio Tocantins têm gerado grande preocupação entre as comunidades locais, pescadores e ambientalistas.

Nesses dois dias foram realizadas coletas de amostras de água pelo Instituto Evandro Chagas e pela UNIFESSPA em diversos pontos estratégicos do Lago Vermelho e dos rios Tocantins e Itacaiunas. O objetivo é monitorar a qualidade da água, identificar possíveis agentes poluentes e avaliar o estado ecológico da área afetada. A participação do Instituto Evandro Chagas, referência em pesquisa e saúde pública na Amazônia, é essencial para o aprofundamento das análises e para orientar futuras ações.

A invasão dos mexilhões dourados, uma espécie exótica que ameaça o equilíbrio ecológico do Rio Tocantins, também está sendo acompanhada com atenção, pois pode comprometer a fauna e flora nativas e impactar negativamente a economia local, especialmente para os pescadores. A Promotoria de Justiça Ambiental, juntamente com a Promotoria de Justiça Agrária, está atenta às possíveis repercussões dessa invasão na sustentabilidade da biodiversidade aquática.

Os procedimentos extrajudiciais não buscam apenas esclarecer as causas dos problemas ambientais, mas também promover um diálogo aberto com a comunidade, especialistas e entidades de proteção ambiental. O intuito é conscientizar sobre a importância da preservação dos recursos hídricos e da biodiversidade, bem como adotar medidas preventivas para mitigar os impactos observados.

De acordo com a técnica do Laboratório de Bioindicadores do Evandro Chagas, Aline Gomes, apenas uma parte das análises foi realizada em Marabá. “Existem algumas amostras que precisam ser feitas em um prazo de 24 a 48 horas. Montamos um laboratório no Campus II da Unifesspa e realizamos o trabalho inicial. As outras etapas serão feitas na sede do Instituto, em Belém. Nesse momento, iremos verificar a parte físico-química da água e a análise microbiológica”, explica.

A pesquisadora do IEC, Eliane Brabo de Sousa, o Itacaiunas pode estar eutrofizado de forma difusa. Ou seja, ele está com excesso de nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênio, que são causados pela ação humana, como: lançamento de esgoto, das fábricas e do lixão.

“O ideal é que a quantidade de nitrogênio e fósforo seja baixa, natural, proveniente da floresta. Quando está em excesso, como parece estar aqui, é porque existem outras contribuições. A princípio não tem como saber qual é o maior causador, porque estamos em uma região urbanizada. Por isso é importante analisar essa água algumas vezes para saber de fato de onde vem essa alteração. Por isso, estamos coletando amostras da água a montante, a jusante e defronte um frigorífico, que é um dos principais ejetores de rejeitos no rio”, explica.

Para Adaelson Medeiros pesquisador do IEC, esse pode ser um indício de que a carga de nutrientes do rejeito lançado no rio deve estar muito elevada. “Ainda não temos os dados analíticos, mas visualmente nós percebemos a diferença da água. O ideal seria fazer um monitoramento diário, fazer uma amostragem composta e simples, para a gente mensurar os volumes que estão chegando para fazer os ensaios”.

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