Uma ousada iniciativa encabeçada pela Prefeitura de Jacundá poderá revolucionar o serviço público caso, no futuro, fique constatado que os resultados esperados pela gestão local se concretizem. O município está planejando um baita pregão eletrônico, orçado em R$ 4,945 milhões, para implantar sistemas de geração de energia utilizando nada mais nada menos que a luz do sol. Jacundá, diga-se de passagem, é iluminado pelo astro-rei em, ao menos, dez horas diariamente, em média.
A informação foi levantada com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou detalhes do edital do pregão que prevê apurar propostas comerciais no próximo dia 3. A ideia é instalar 1.512 placas solares a fim de captar energia suficiente para atender ao prédio da Secretaria Municipal de Educação e todas as escolas da rede pública municipal — 26 na zona urbana, incluindo-se anexos, e 14 na zona rural.
Juntos, os prédios da educação consomem 80 mil quilowatts por mês, o que demandará uma infraestrutura de, no mínimo, 635 quilowatts-pico a serem fornecidos pela vencedora da licitação. A empresa que ganhar o processo se responsabilizará, também, pela aprovação do sistema junto à concessionária de energia; pelo fornecimento de todos os equipamentos, materiais e insumos; pela instalação e efetivação do acesso junto à concessionária de energia; e por treinamento, manutenção e suporte técnico gratuito por dois anos.
Pela proposta da prefeitura de Jacundá, serão utilizados os telhados de quadras esportivas das escolas públicas e da sede da Secretaria de Educação para implantação das unidades de minigeração de energia, as quais devem ocupar uma área total de 3.423 metros quadrados, praticamente o tamanho do campo de futebol municipal.
VEJA QUAIS TELHADOS SERÃO UTILIZADOS
- Secretaria Municipal de Educação
- Escola Rosário Correia
- Escola Teotônio Apinagés
- Escola Municipal Peter Pan
- Escola Municipal Crer e Ser
- Escola Municipal João Pinheiro
Energia em forma de créditos
De acordo com a Prefeitura de Jacundá, a medida tem incontáveis benefícios, e o principal é, sem dúvidas, a redução no custo da tarifa de energia. “O sistema permite que se use a luz solar para gerar sua própria energia elétrica, deixando de utilizar a energia da concessionária”, explica a administração municipal em nota de justificativa que acompanha o edital do pregão. “Além disso, caso a Secretaria de Educação não consuma toda a energia gerada, o sistema passa a injetar o excedente na rede elétrica, gerando créditos energéticos que podem ser utilizados em até 60 meses”, destaca.
Acerca do elevado custo para garantir a implantação do parque energético, a prefeitura lembra que o preço dos equipamentos fotovoltaicos está em queda constante, “mas esperar que ele baixe ainda mais para instalar o sistema não é a melhor decisão”. Isso porque, alega o governo de Jacundá, “o investimento em energia fotovoltaica, que gera energia limpa e sem custos, se paga em aproximadamente 48 a 60 meses, a partir da própria economia proporcionada na conta de luz”.
Se tudo der certo, o pioneirismo da educação jacundaense pode se transformar em efeito cascata para outras áreas da administração local e, também, inspirar diversos municípios a montar seus parques de energia fotovoltaica, a fim de se livrar do “deus nos acuda” que se tornou a conta de energia no Pará.