Por Eleutério Gomes – de Marabá
O juiz de Direito Lucas Quintanilha Furlan, da Comarca de Breu Branco, acatou, no último dia 21, denúncia do Ministério Público Estadual contra Ricardo José Peçanha Lauria, o “Ricardo Chegado”; Antônio Genival Lima Moura, Márcio José Miranda dos Santos, o “Marcinho”; Maciel Buosi Dias; Weslei Luchi, o “Lelo”; e Sérgio Luiz Piva Simoni. Todos são acusados do assassinato do então prefeito do município, Diego Kolling, ocorrido em 8 de maio deste ano, por volta das 6h45, quando ele foi executado a tiros.
Na denúncia, o promotor de Justiça Francisco Charles Pacheco Teixeira detalha a participação de cada um dos acusados nos crimes de homicídio qualificado mediante pagamento ou promessa de recompensa, por motivo fútil e por emboscada; e associação criminosa.
Em sua justificativa, ele afirma que os denunciados “de forma livre, consciente e voluntária, arquitetaram um plano assassino para ceifar a vida de Diego Kolling”.
O promotor declara que a motivação do crime foi a ganância e sede por poder e dinheiro, tudo envolvendo o recurso público, pois pretendiam utilizar a Prefeitura de Breu Branco “como fonte de ganhar dinheiro pela prestação de serviços públicos fraudulentos”.
Narra que, sendo presidente do partido de Diego, o PSD, assim que terminaram as eleições de 2016, após este proclamado prefeito, Ricardo Chegado logo lhe apresentou uma lista com os nomes que comporiam o secretariado municipal, o que foi rechaçado pelo prefeito eleito, o qual disse que não era daquela maneira – indicação política – que seus secretários seriam escolhidos.
A recusa imediatamente suscitou a ira de Ricardo contra Diego Kolling, mas restava ainda uma segunda tentativa. Ele possuía três empresas constituídas em nome de “laranjas” e, com elas, pretendia participar de licitações na Prefeitura de Breu Branco.
No primeiro certame, uma das empresas de Ricardo saiu vencedora, mas a licitação foi anulada pelo próprio Diego Kolling, pois o valor oferecido na proposta era muito abaixo do que qualquer outro existente no mercado, portanto, inexequível. Promovida nova licitação, a empresa de Ricardo, não conseguiu vencer o certame.
Foi a gota d’água para que Ricardo Chegado rompesse de vez com o prefeito e passasse a fazer ameaças veladas a Kolling, ainda conforme a narrativa da denúncia feita pelo promotor. Começou aí o plano para matar o prefeito de Breu Branco, do qual participariam os demais acusados, cada um com uma função definida na ação criminosa e com um interesse comum: colocar as mãos no dinheiro da prefeitura quando o vice-prefeito assumisse.
A Marcinho coube a tarefa de comprar os três aparelhos celulares pelos quais a quadrilha se comunicou nos dias que antecederam a execução. Ele também ficou encarregado pela logística empregada no dia do crime.
Antônio Genival, contra o qual já pesavam três homicídios, um deles contra o próprio pai, em São Félix do Xingu, de onde era foragido, ficou encarregado de matar o prefeito no dia e hora combinados. Para fazer o “serviço”, ele usou como transporte uma motocicleta cedida por Marcinho, mas que pertencia a Maciel.
Sérgio, que num primeiro momento, ao depor sobre o caso, disse que sequer conhecia Ricardo Chegado, foi quem habilitou os três celulares adquiridos por Marcinho, pois também tinha interesse na morte de Diego Kolling e envolvimento no esquema fraudulento de Chegado.
Wesley Luchi, também participante da negociata perpetrada por Ricardo, tentou ludibriar a polícia durante as investigações que, por fim, o apontaram como um dos elementos que planejaram e depois comemoraram a morte do prefeito.
Todos os acusados estão presos em Belém, desde 28 de julho último, quando foram capturados pela Polícia Civil após quase três meses de investigações.