Brasília – Foi inaugurado em Natal (RN), o Laboratório de Hidrogênio e Combustíveis Avançados (H2CA) – primeira planta piloto instalada no Brasil para produzir combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). O Ministério de Minas e Energia (MME) afirmou que o país dá um passo importante para se integrar como produtor de combustível que ajude a reduzir as emissões de gases do efeito estufa no transporte aéreo.
O Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Norte (SENAI-RN) abre novos horizontes para a produção, tendo entre os principais objetivos alcançar um combustível que cumpra essa promessa no transporte aéreo brasileiro.
As instalações fazem parte da cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio do Projeto H2Brasil, junto com o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).
Para a diretora substituta de Transição Energética do Ministério de Minas e Energia, Patricia Naccache, a iniciativa apoia as políticas públicas implementadas pelo governo federal no que diz respeito ao hidrogênio. “Este projeto é bastante extenso. Apesar do tema hidrogênio estar em alta ultimamente, as políticas públicas para o setor já existem há mais de 20 anos no governo federal,” pontuou.
Dentro do Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2), existe uma câmara temática de Fortalecimento das Bases Científico-Tecnológicas. “Aumentar pesquisa e desenvolvimento nesse mercado é um recurso valioso para desenvolver cada vez mais esse ecossistema e a economia do hidrogênio”, destacou durante a participação no evento.
Considerando a importância desse investimento, a pasta considera fundamental fortalecer os estágios iniciais dos projetos e dinamizar os ecossistemas de hidrogênio, além de construir capacidade tecnológica nacional.
O laboratório
Com o Laboratório de Hidrogênio e Combustíveis Avançados, a expectativa é elevar de 200ml/dia para até 5 litros/dia a produção de Syncrude — o petróleo sintético — desenvolvido no Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis para ser transformado em SAF.
A capacidade de produção do combustível será dimensionada por meio de estudos e experimentos práticos na área. Estudos de viabilidade técnica e econômica também deverão estimar, até o final do ano, o preço do combustível.
O SAF será obtido a partir de glicerina, coproduto da indústria de biodiesel com alto valor energético, mas atualmente subutilizado no Brasil ou exportado com baixo preço de mercado.
Projeto H2Brasil
O projeto H2Brasil, que integra a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, investiu quase R$ 4 milhões para que o Laboratório possa produzir QAV sintético. Além de apoiar a produção e a aplicação de Combustíveis Sustentveis de Aviaçãoá no país, a iniciativa visa estudar e avaliar parâmetros operacionais na obtenção de Querosene Sintético.
O laboratório também deverá operar como unidade de testes para a indústria de aviação brasileira. O QAV produzido, segundo as instituições envolvidas, será certificado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e terá seus processos otimizados com o tempo para atender as necessidades da indústria.
Também participaram do evento a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, Amaro Araújo, presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), Rodrigo Melo, diretor regional do SENAI/RN e ISI-ER, Markus Francke, da GIZ, e Guilherme Calheiros, secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Por Val-André Mutran – de Brasília