Brasília – Na segunda parte da entrevista exclusiva concedida ao Blog do Zé Dudu, o Dr.° Alberto Simões Jorge Júnior Diretor do Laboratório Central do Pará (LACEN/PARÁ), referência estadual para os exames para diagnosticar os casos do novo coronavírus, adiantou que no prazo de dez dias entra em operação um novo equipamento de última geração (analisador) após o período de instalação e treinamento do pessoal. Para tanto, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (SESPA) informa que, o Laboratório Central do Estado (Lacen-PA) aguarda a chegada de técnicos habilitados pela Fundação Manguinhos para iniciar a montagem dos equipamentos.
Estoque de EPIs para uso do pessoal do laboratório foram adquiridos antes da corrida ao mercado após a decretação de pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) — algo similar a um Estado de Guerra —, além do que a instituição foi certificada com duas ISO de qualidade e biossegurança internacional ainda em 2019.
A dedicação das três equipes do LACEN/PARÁ é formidável, demonstrando à sociedade profundo comprometimento profissional e dever de ofício. “Eles estão trabalhando em regime de três turnos de seis horas. “Esses profissionais estão de plantão até as 23 horas todos os dias, sem folgas”, disse o diretor.
Equipamentos de Proteção Individuais
O Pará, em comparação com outros estados, teve um ponto considerado fundamental a seu favor na guerra contra a Covid-19. É que ainda em janeiro, de acordo com as informações do Dr.° Alberto Junior, “graças a expertise e experiência no trato com epidemias anteriores, o Secretário Estadual de Saúde, médico Alberto Beltrame, criou um comitê especial dentro da sua pasta, muito antes da OMS decretar pandemia mundial pelo novo coronavírus.
”Os estoques foram reforçados e comprados antes da alta internacional devido o aumento da demanda, economizando recursos públicos para o Estado. Antes de termos qualquer caso suspeito, o comitê, composto pelos postos estratégicos da alta administração da Saúde no Estado, elaborou um plano de contingência para o setor. Nesse plano constou a solicitação de reforço do nosso estoque de equipamentos de proteção individual para o conjunto dos servidores da linha de frente no atendimento da pandemia da Covid-19 e outros insumos”, informou o diretor do Laboratório Central do Pará.
Além do plano de contingência o LACEN/PARÁ já possui no seu sistema de gestão, desde o ano de 2019, duas certificações de padrão internacional ISO (International Organization for Standardization) Organização Internacional de Padronização, no português. Outra vantagem do laboratório centra paraense em comparação com seus congêneres instalados nos demais Estados no Distrito Federal.
Certificações
O primeiro é o ISO 17025 que vem a ser um sistema de gestão de laboratório baseado na norma ISSO/IEC 17025 que tem o intuito de promover a confiança na operação de laboratórios, além de garantir que eles operem de forma competente e sejam capazes de gerar resultados válidos. Primeiramente os laboratórios que possuem essa certificação garantem qualidade e confiança nos resultados do seu laboratório, evidenciando e garantindo a competência.
Segundo, existe um potencial para entrar em novos mercados, além da aceitação mundial da atividade que o laboratório executa. Existe uma série de produtos que, para entrar no mercado, necessitam ser analisados por laboratórios acreditados pela ISO 17025, além de ensaios para atendimento à resoluções e portarias. Ou seja, acreditar o laboratório em um determinado método de ensaio é uma decisão estratégica do laboratório e o mercado que atua, seja comercial (privado) ou governamental.
A outra certificação obtida pelo LACEN/PARÁ é a ISO 15189/2012 usada por laboratórios médicos no desenvolvimento de seus sistemas de gestão da qualidade e na avaliação de sua própria competência. Também pode ser usado para confirmar ou reconhecer a competência de laboratórios médicos por clientes de laboratório, autoridades reguladoras e organismos de acreditação.
“Essa gestão é realizada pela Coordenação de Qualidade e Biosegurança, que está a frente da observância dos protocolos para garantir a segurança dos profissionais, inclusive a qualidade dos equipamentos”, explicou o diretor.
Com todas essas providências o LACEN/PARÁ está respaldado nas melhores práticas internacionais. “Todas as exigências da OMS nós procuramos atender da melhor forma possível”.
Kits de testes
Os kits de testes específicos para os exames de detecção da Covida-19 são fornecidos pelo Ministério da Saúde, e a produção acontece na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, e para chegar até o Pará há barreiras como a logística de transporte e a distribuição entre os estados. Cada kit contempla 24 exames, mas isso não significa que serão obtidos 24 resultados.
Na próxima semana outra ferramenta entra em operação no Pará, informou o Dr.° Alberto Junior. São os Kits de Teste Rápidos, cujo primeiro lote chegou nessa semana ao estado, e são fruto de doação da mineradora Vale ao governo brasileiro que vai distribuí-lo por todo os estados e DF. A doação foi de 5 milhões de kits de testes rápidos, mas o Ministérios da Saúde divulgou que a meta será a aplicação de 28 milhões desses kits rápidos, quando é possível saber na hora se a amostra colhida em pacientes suspeitos está positiva para o Covid-19.
Recursos para a guerra
O LACEN/PARÁ é o laboratório central do estado do Pará e compõe a Rede do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (SISLAB) do Ministério da Saúde (MS), além dos laboratório de referência nacional, que no Pará é papel do Instituto Evandro Chagas, somados ao Fiocruz e Adolfo Lutz. Os recursos financeiros para enfrentar essa guerra com o inimigo invisível (novo coronavírus) é feita com recursos repassados pelo MS, porém “o orçamento tem um grande fortalecimento de recursos do governo do estado. E nesse momento o governador Helder Barbalho não tem medido esforços para atender
as nossas demandas mais emergenciais”, disse o diretor Alberto Junior.
“Agora nessa última semana chegou um equipamento que vai aumentar a nossa capacidade analítica, através de uma solicitação de Beltrame e Barbalho ao ministro da Saúde Henrique Mandetta que foi de pronto atendida. O aumento da capacidade de análise será aumentado em pelo menos 200 amostras por dia”, revelou o diretor.
“Mesmo antes da decretação do Estado de Emergência em Saúde Pública, sempre tivemos o apoio incondicional do nosso governador para garantir o orçamento do laboratório, e agora com a emergência, o governador fortaleceu muito mais a garantia que nada falte ao nosso trabalho”, disse Alberto Junior.
Vale ressaltar que alguns países asiáticos conseguiram reduzir a escalada de casos promovendo uma testagem em massa da população, adotando também uma rigorosa quarentena de toda a população.
Convid-19 avança para o interior do Pará
De acordo com o boletim da SESPA-PARÁ o cenário que o governo do Estado tentou evitar com uma série de medidas, principalmente o isolamento social, vem se concretizando no Pará. A cada dia, o número de infectados pelo novo Coronavírus aumenta exponencialmente. Nesta sexta-feira (3), no comunicado à população, o governador Helder Barbalho chamou a atenção de todos para a seriedade do momento atual. “Todos os dias temos alertado à população que esse processo viral se assemelha a uma montanha, e cabe a nós fazer uma opção: se essa escalada será longa em números, e se ela será duradoura entre nós”, disse o governador, diante do crescimento do número de casos da doença.
O último boletim registra 75 casos confirmados, 94 em análise, 1.000 descartados e um óbito. A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) divulgou, nas redes sociais, alguns casos identificados em vários municípios, como Itaituba, Marabá, Novo Progresso, Altamira, São Geraldo do Araguaia, Goianésia do Pará, Oeiras do Pará e Benevides.
Houve, portanto, o alastramento da pandemia pelo interior do continental Pará. Alberto Junior conclui a entrevista parabenizando as equipes de linha de frente da guerra contra o novo coronavírus: “Eu queria parabenizar as equipes de saúde que estão na linha de frente. Os médicos, os enfermeiros, os meus colegas farmacêuticos. Nós não estamos vivendo um momento fácil, mas como profissionais de saúde estamos em nossos postos. Diagnosticando da forma mais breve para que as equipes façam o melhor manejo para a recuperação dos pacientes infectados”, recomendou.
“Para a população, reforço: Fiquem em casa, evitem aglomerações sociais. Observamos que na última semana a curva começou a aumentar. Como já vivemos outras pandemias, o melhor remédio, que ainda não existe, é ficar em casa”, concluiu o diretor.
Confira a primeira reportagem da série aqui.
Por Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
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