Por Paulo Costa – de Marabá
Dois representantes do povo Atikum que vivem no município de Itupiranga integraram a comitiva indígena do Pará para somar força às mobilizações que foram esta semana à Brasília denunciar a ocorrência de invasão e ilícito ambiental na área ocupada por suas famílias dentro de um Projeto de Assentamento para Reforma Agrária, do Incra, na região.
Os índios chegaram a protocolar um documento junto aos representantes da Procuradoria Geral da República, durante a realização de uma audiência pública na sede do órgão, denunciando toda a situação vivenciada pela comunidade e pedindo ajuda urgente, pois o clima entre indígenas e invasores, já se encontrava tenso há alguns meses.
Em Marabá, as lideranças Atikum chegaram a encaminhar novamente o mesmo ofício, via e-mail, para a Funai e um representante do Incra, em Brasília, como também participaram de audiência com o MPF, na cidade de Marabá, para tratar da questão sem que quase nada fosse feito para agilizar a retirada dos invasores da área.
Depois de um ano entre idas e vindas das lideranças Atikum entre a Funai, o Incra, a Polícia Federal e o MPF em Marabá, cobrando providências e agilidade no processo de retirada dos invasores da área, nesta terça-feira, dia 9 de julho, o que era temido pela comunidade e o que vinha sendo denunciado já algum tempo, aconteceu na aldeia Ororubá.
O indígena Wilson Ambrósio da Silva, de 43 anos, foi encontrado morto pelos membros do seu grupo por volta das 16 horas, com dois tiros, um na cabeça e outro no tórax, dentro da reserva ocupada pelas famílias indígenas.
Segundo os membros da comunidade, ele havia saído pela manhã para a serra (área disputada pelos invasores e os indígenas) para olhar o gado da comunidade que estava pastando naquele local e não voltou mais. Os indígenas suspeitam que o crime tenha sido praticado por invasores da área.
Segundo o documento que foi entregue ao MPF, em Brasília, os indígenas dizem que “todas as atas das reuniões que foram feitas tanto na FUNAI, no INCRA quanto no MPF em Marabá, através de visitas, aponta uma resolução aparentemente simples para resolver o nosso caso (por favor, solicite esses documentos a FUNAI, ao INCRA e ao MPF em Marabá), mas até o momento o que estamos vendo e sentindo é que estamos sendo enrolados e enganados com falsas promessas. Enquanto isso, a única área de floresta na região está sendo devastada pelos invasores, com enormes prejuízos para a nossa comunidade”.
Eles finalizaram o documento entregue ao MPF, à Funai e ao Incra, em Brasília, pedindo, uma intervenção do MPF no caso e outras ações, tais como “que o INCRA, retire imediatamente os invasores da área, antes que os mesmos destruam toda a cobertura florestal da serra, causando-nos ainda mais danos; cobre da FUNAI a regularização das áreas cedidas pelo INCRA e solicite do MPF em Marabá um acompanhamento mais incisivo no caso”.
Segundo informações dos próprios indígenas, a Funai e a Policia Federal já estão na área apurando o caso, mas a comunidade está questionando quem agora vai resolver o caso da invasão da terra das 18 famílias indígenas que dependem deste pedaço de chão para sobreviverem.