Na manhã desta quarta-feira (6), a Câmara Municipal de Marabá realizou sessão solene em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado na próxima sexta (8). Quem roubou a cena no evento foi uma representante de entidades sociais presente à mesa de autoridades: Ana Luiza Rocha da Silva, do Grupo de Mulheres do Cabelo Seco Raízes de Marabá.
Ao todo, vinte personalidades femininas foram homenageadas pelo parlamento durante o evento. Na mesa diretora estavam o presidente da Câmara, Alecio Stringari (PDT); a deputada federal Andréia Brito Gonçalves Siqueira (MDB); Ana Paula Brito de Freitas, secretária de Estado das Mulheres; Nadjalúcia Oliveira, secretária municipal de Assistência Social; Luana Cláudia Bastos, presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher (Comdim); e Ana Luiza Rocha da Silva.
Ao usar a palavra, Ana Luiza disse estar representando os movimentos sociais e afirmou que o grupo de luta aumenta, mas as coisas pioram, porque há muitas mulheres morrendo. Ela clamou ajuda às autoridades, cobrando políticas públicas para blindar as mulheres de problemas sociais graves. “Estamos, no Cabelo Seco, à mercê da bandidagem, com toque de recolher. A orla é linda, cartão postal de Marabá, mas a violência impera em nossa comunidade. Recorremos a várias autoridades, mas nada foi resolvido,” reclamou. “O Ministério Público Federal prometeu uma audiência pública para discutir o problema. Todo dia há tiroteio no bairro, matam um aqui e outro acolá. Os jovens estão indo embora porque não há políticas públicas de inclusão. Estamos na luta por um hospital oncológico em Marabá. Todo ano prometem a mesma coisa e nada é resolvido. As pacientes com câncer fazem bate-e-volta em Belém, e quando retornam não querem voltar, porque há muito sofrimento na viagem”.
Lembrou ainda que as mulheres já fizeram várias manifestações em frente ao Hospital Materno Infantil De Marabá (HMI) diante do caos com a morte de mães e bebês nos últimos anos. “Cobramos muito, mas até agora nada. No [Hospital Municipal de Marabá], o tamanho do hospital é o mesmo da década de 1980, só aumentaram a quantidade de salas,” lamentou.
A presidente do Comdim, Luana Bastos, enfatizou que sua fala representa o pedido de várias lideranças de entidades que lutam pelas mulheres. “Temos nas redes estadual e municipal serviços que oferecem melhorias para mulheres. As jovens mulheres precisam de oportunidade na área profissional. Não podemos pensar só em mulheres adultas, enquanto as jovens estão sendo esquecidas,” disse.
Nadjalúcia Oliveira avaliou que as demandas apresentadas por Ana Luiza são importantes, mas requerem atuação dos três entes governamentais. Ela garantiu que a prefeitura de Marabá tem feito seu papel na defesa dos direitos da mulher, elencando vários serviços implantados. “Isso não é mérito do governo, mas dos movimentos sociais que cobram todos os dias. Se queremos conquistar mais, precisamos nos unir – homens e mulheres – para cobrar os direitos. Estamos levando cultura de paz para todos em nosso município,” afirmou.
A vereadora Cristina Mutran (MDB) disse que seu mandato está trabalhando incansavelmente para buscar um ambiente menos hostil para todas as mulheres do município. Ela elogiou a deputada federal Andréia Siqueira e a secretária de Estado da Mulher, Paula Gomes, por atuarem em busca de políticas públicas para mulheres, inclusive na implantação, em Marabá, da Casa da Mulher Brasileira, um complexo de serviços para apoiar vítimas de violência.
“As coisas não acontecem como varinha de condão. Tudo que desejamos, se fosse de forma rápida, seria muito bom. A ala oncológica no Hospital Regional ainda continua sendo uma batalha de todos nós. Acredito que no segundo semestre deste ano esta ala será entregue à nossa população. É um trabalho do governo do Estado. Houve impasse porque a quimioterapia seria o único serviço oferecido, mas lutamos e conseguimos que a radioterapia seja implantada em paralelo,” destacou Dra. Cristina.
Ela lembrou que estão em andamento a construção de uma creche em tempo integral para atender crianças de 0 a 3 anos, no Núcleo Cidade Nova; e um Hospital Regional Materno Infantil. “Precisamos de profissionais preparados no HMI para atender com qualidade os pacientes. É preciso mais qualificação para médicos, que às vezes chegam sem a qualificação necessária,” alertou.
A vereadora Elza Miranda (PTB) usou a tribuna para falar que as mulheres têm nas mãos o poder da transformação. Lembrou que, no passado, não ocupavam muitos cargos, os quais eram apenas direcionados aos homens: “Queremos mais mulheres como candidatas a cargos eletivos para representar nossa gente. Não tenho nenhuma mulher como adversária, mas como aliada. Vamos avançar muito mais, porque todas seremos aliadas”.
A deputada Andréia Siqueira agradeceu à Mesa Diretora da Câmara de Marabá por indicá-la para receber comenda no Dia Internacional da Mulher: “Estou em Brasília representando todas as mulheres de Marabá. Daqui, recebi mais de oito mil votos e isso é muito gratificante e me enche de responsabilidade”.
Ela afirmou ter conseguido a implantação da Casa da Mulher Brasileira, assim como para Tucuruí, além de garantir que vai solicitar uma emenda de R$ 1 milhão para a saúde de Marabá. “Certamente, teremos muito mais ano que vem com o deputado estadual Chamonzinho,” disse Andréia.
Paula Gomes, secretária de Estado das Mulheres, reconhece a data de 8 de março como momento para refletir sobre o que foi conquistado e o quanto ainda é necessário às mulheres ampliarem suas conquistas, defendendo que ocupem cargos públicos para ajudarem a construírem políticas públicas para fortalecer a sua defesa. Sua pasta completa um ano de existência na sexta-feira, dia 8. “O governador criou uma secretaria de Estado para que, juntamente com os municípios, articular ações para ampliar as políticas públicas para ajudar as mulheres,” enfatizou.
Ela citou a conquista da Casa da Mulher Brasileira junto ao Ministério da Mulher, que será construída pelo governo do estado. O terreno está sendo avaliado e futuramente será anunciado pelo governador, Helder Barbalho, para início das obras. “Mais do que acolher a mulher vítima de violência, precisamos romper esse ciclo que a atinge, ajudando a fortalecer sua autoestima,” disse a secretária.