Brasília – O troca-troca de partidos, antes e depois da janela partidária, mostrou-se uma faca de dois gumes para deputados de primeira viagem, especialmente para quatro novatos, os deputados federais Marcelo Ramos (PSD-AM), Marília Arraes (Solidariedade-PE), Rose Modesto (União Brasil-MS) e Major Vítor Hugo (PL-GO). os três primeirose foram eleitos em 2020 na chapa liderada por Arthur Lira (PP-AL), para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Enquanto Vitor Hugo foi impedido de assumir a Comissão de Constituição e Justiça — a mais importante da Casa, pelo mesmo motivo: troca de partido.
Após a troca de partido, os três perderam os cargos na Mesa Diretora, para os quais haverá novas eleições na quarta-feira (25). Já o deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) foi destituído da vice-presidência da Câmara na segunda-feira (23), a pedido do presidente Jair Bolsonaro. O PL pressionava pela saída de Ramos da Mesa Diretora. Após a entrada de Bolsonaro no partido, ele deixou a sigla, migrou para o PSD e se tornou crítico do chefe do Executivo. Dia sim, outro também, Ramos criticava de forma virulenta o presidente.
Para tirar Ramos da vice-presidência, o PL alegou justamente a troca de partido. O deputado, porém, entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir sua permanência no posto. Ele chegou a conseguir uma liminar a seu favor. Entretanto, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a decisão e permitiu que o Legislativo decida sobre a composição da Mesa Diretora.
A mesma razão também afastou da Mesa as deputadas Marília Arraes e Rose Modesto. Elas ocupavam a segunda e a terceira secretarias, respectivamente. O motivo foi o mesmo de Ramos. Marília trocou o PT pelo Solidariedade e Rose, o PSDB pelo União Brasil.
O PL, o PT e o PSDB devem indicar os nomes dos novos integrantes da Mesa Diretora. “Os três deputados que mudaram de partido saem. Ele não é diferente dos outros, não”, disse Arthur Lira ao ser questionado sobre a destituição do vice-presidente da Casa. No Twitter, Ramos criticou a decisão. “Fui eleito pelo voto de 396 deputados e deputadas e destituído por um e atendendo a uma ordem do Presidente da República”, escreveu, em referência a Lira e a Bolsonaro.
Após deixar o PL com aval do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, para que mantivesse o mandato de deputado Ramos se filiou ao PSD, em 9 de fevereiro. “Seria um constrangimento para o presidente [Bolsonaro], para o partido, ter um dos seus membros criticando o presidente diariamente. E seria por outro lado um constrangimento para mim ser filiado ao mesmo partido de um presidente que eu não acredito que seja o melhor para o futuro do nosso País”, justificou Ramos, ao anunciar a desfiliação do PL.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.