Brasília – A instalação de quatro Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), três na Câmara dos Deputados e uma mista no Congresso Nacional, não afetarão o andamento normal dos trabalhos no Congresso. É o garantem, em declarações em momentos diferentes, os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Na quarta-feira (26), os requerimentos dos pedidos de instalação das CPIs foram lidos pelos respectivos presidentes de ambas as Casas Legislativas. Os líderes partidários devem fazer as indicações dos integrantes para que sejam efetivamente instaladas.
Os colegiados investigarão as inconsistências contábeis das Americanas; a manipulação de jogos de futebol no Brasil por causa de apostas esportivas; a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e os atos golpistas de 8 de janeiro. As duas últimas estão gerando a maior preocupação para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), podendo atingir também o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) protesta contra a onda de invasões de propriedades rurais deflagrada no chamado “Abril Vermelho”, e a instauração do colegiado tem o apoio de deputados aliados de Bolsonaro. Os ruralistas acumulam atritos com a gestão petista nestes primeiros três meses.
Com 300 congressistas em suas fileiras, a FPA entendeu como “uma provocação do próprio presidente Lula” levar o mais notório membro do MST para sua visita oficial à China. João Pedro Stédile há semanas ameaça invasões de terras em todo o país.
A FPA e o Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), autor do requerimento, pressionaram Lira na semana passada, que garantiu que daria atividade à comissão nos próximos dias. Assim aconteceu. O colegiado será composto por 27 deputados. Deputados bolsonaristas, que compunham a maioria da sessão da Câmara na última noite, aplaudiram a leitura do requerimento de instalação.
Na semana passada, o governo Lula nomeou sete novos superintendentes regionais do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O MST cobrou a gestão petista para que fizesse a substituição imediata de chefias do órgão nomeadas durante o governo Bolsonaro por “pessoas comprometidas com a reforma agrária”.
Nas outras duas CPIs criadas, a Câmara investigará as inconsistências de R$ 20 bilhões em lançamentos contábeis das Lojas Americanas e esquemas de manipulação de resultados em partidas de futebol no Brasil, de autoria do líder do PP, André Fufuca (MA), e do líder do PSB e do “blocão”, Felipe Carreras (PE).
Por Val-André Mutran – de Brasília