Quem, em sã consciência, nestes tempos de crise econômica, instabilidade financeira e desemprego que atinge milhões de brasileiros, deixaria um emprego sólido, em uma multinacional onde está há sete anos, e goza de prestígio, para ganhar o mundo e viver de arte? Pois é, o engenheiro ambiental Lucas Rodrigues Couto, 37, anos, baiano nascido em Canudos, deixou. E não é louco!
Lucas chegou a Parauapebas em 1989, aos quatro anos de idade, com os pais, José de Carvalho Couto, um dos pioneiros do município, e Maria José Rodrigues Mota, também conhecida pelo carinhoso apelido de Galega.
Desde criança, Lucas sempre tinha a atenção voltada para todo tipo de arte, mas ‘seu’ José, que até hoje, mesmo aposentado, continua trabalhando na Vale como Técnico em Manutenção, não concordava muito com o filho, para quem sonhava com uma “sólida carreira profissional”.
Em princípio Lucas aquiesceu, começou a estudar Engenharia de Minas, mas percebeu que ainda não era o que queria, e estudou e se graduou em Engenharia Ambiental. Logo, estava empregado na poderosa Vale. Onde ficou por sete longos anos, acordando às 4h da madrugada e dormindo após as 22h, época em que trabalhou na Serra Leste.
“Na Vale eu aprendi muito. Mas, sobretudo, aprendi a ser muito mais responsável do que já era. E percebi que, após sete anos, não tinha mais como vivenciar aquela rotina diária. Estava faltando algo,” conta o artista, que durante os quase dez anos na mineradora, fez uma boa poupança financeira, se preparou e planejou seus próximos passos.
“Meu maior medo era quando chegava a segunda-feira. Eu rezava para que chegasse a sexta. E, como no título do documentário das três ceguinhas de Campina Grande, ‘A Pessoa é para o que nasce’, eu nasci para ser artista. Então, há três anos, pedi as contas, pedi demissão”, conta Lucas.
Com as economias e muita fome de arte, ele viajou para São Paulo, onde se aprofundou na arte do grafite, da tatuagem, da pintura em óleo e em aquarela e na arte digital, em Pop Arte e até como DJ.
Luca começou a viajar pelo País, primeiramente de motocicleta, mas o veículo ficou pequeno para o tanto de material que ele começou a adquirir para mergulhar no mundo da arte. Ele, então, comprou uma Kombi, que logo se transformou em um estúdio itinerante.
“Nessa Kombi já percorri 16 estados, meu foco tem sido o Norte e o Nordeste. Sempre procuro resgatar a cultura nordestina. Recentemente, estive na Bahia e na Paraíba. Aqui em Parauapebas, devido ao trabalho que desenvolvi, tenho muita proximidade com os indígenas do povo Xikrin do Cateté. E estou aprendendo cada vez mais. Não paro de estudar”, afirma o artista.
Sobre o futuro, Lucas Couto, que já participou de inúmeras exposições e concursos, sempre atraindo mais admiradores de sua arte, diz que pretende, como artista e como ambientalista, contribuir com cada lugar em que estiver, ampliar os horizontes e “fazer bastante arte”.
Por Eleuterio Gomes – De Marabá
4 comentários em “Lucas Couto: “A pessoa é para o que nasce. Eu nasci para ser artista””
Conheço o Lucas desde garoto.
Moramos em ruas paralelas.
Muitos anos se passaram e soubemos suas notícias, através de minha filha, que mostrou-nos a sua belíssima e admirável arte!
Para o Lucas, envio parabéns pela coragem e por ter seguido o caminho que o seu coração “sinalizou”.
E a torcida para que este talentoso garoto voe cada vez mais alto e seja muito feliz!
Um excelente profissional e um um ser humano fantástico, muito batalhador.
UM JOVEM DE MUITA CORAGEM. QUEM DERA TODOS OPTASSEM POR VIVER SUA VOCAÇÃO E SER FELIZ! PARABÉNS!
Parabéns lucão