Brasília – O presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anuncia às 11 desta quinta-feira (29), os 16 nomes que faltavam para compor o primeiro escalão do futuro e inédito terceiro governo no comando do país. Após uma disputa interna, com contornos familiares, o futuro mandatário confirmará o nome do empresário e presidente regional do MDB do Pará, Jader Barbalho Filho, para o comando do estratégico Ministério das Cidades.
O cobiçado ministério, tem sob seu guarda-chuva, entre outros programas de alcance nacional, o Minha Casa, Minha Vida — que financia moradia a preços populares. O programa será retomado e turbinado, segundo promessa de campanha do próprio Lula. Há também a expectativa do mercado de que Lula fale sobre novas políticas para as estatais.
Disputa e desfiliação
Na disputa interna do MDB pelo comando da pasta, que se arrastava há semanas, sobrou para o veterano deputado federal José Priante (MDB), que foi preterido na indicação o ministério das Cidades. O clã Barbalho, ao qual pertence, “tratorou” seu nome.
Priante reagiu e, segundo informações que não puderam ser confirmadas, teria enviado carta ao Diretório Regional da legenda com pedido de desfiliação. O MDB foi o único partido ao qual Priante se filiou ao longo de sua longeva carreira como deputado federal, após deixar o MR-8, Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8), organização política marxista que participou da luta armada contra a ditadura militar brasileira.
Circula nas redes sociais e grupos de troca de mensagem que o deputado teria escrito na carta de desfiliação, em tom de desabafo que: “Se não é possível trocar de família, troco de partido”.
Sem apoio, sem ministério
Segundo a Folha de S. Paulo, datada do dia 18 passado, na eleição presidencial, José Priante se manteve distante do então candidato do PT. Solicitado pelo primo Helder Barbalho, governador reeleito, a apoiar Lula, “pelo menos no segundo turno”, Priante fez ouvidos de mercador.
Já eleito presidente, Lula foi comunicado, pela equipe de transição, da posição do primo de Helder, na segunda etapa do pleito. Conclusão: José Priante perdeu sua parte no bolo de 37 fatias. E, além de ficar fora de um dos ministérios, deixou fora da Câmara dos Deputados o primeiro suplente do MDB a deputado federal, Wagne Machado.
Além da disputa interna do MDB, o União Brasil estava de olho para a indicação da pasta, mas o senador Jader Barbalho e o governador Helder Barbalho, pai e filho, respectivamente, não quiseram conversa e acabaram convencendo Lula de que “o nome é Jader Filho e estamos acertados”. Lula concordou.
Novos nomes
Lula anunciará logo mais, nove ministérios divididos igualmente para o MDB, PSD e União Brasil no Congresso. Os três partidos, juntos, têm 143 deputados federais e 31 senadores e serão o base de formação de apoio do futuro governo petista.
Além dos três partidos, o PDT também será contemplado no primeiro escalão. O presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, vai ser o ministro da Previdência.
Não se sabe o que foi definido para o Avante e o Solidadriedade, partidos que aderiram à candidatura do PT desde o primeiro turno, na chamada “frente ampla”.
Por exemplo, o “guerrilheiro digital” e dublê de deputado federal André Janones (Avante-MG) retirou sua candidatura presidencial e correu para os braços de Lula, o mesmo fazendo o companheiro Paulinho da Força, fundador do Solidariedade, que não conseguiu sequer se reeleger deputado federal por São Paulo.
Ao todo, já foram confirmados 21 nomes da Esplanada e 16 devem ser apresentados nesta quinta. Com isso, Lula finaliza a formação do governo que tomará posse a partir de domingo, dia 1.º de janeiro. Serão 37 pastas, 14 a mais do que os atuais 23 ministérios da gestão Jair Bolsonaro.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília. (Colaborou Eleuterio Gomes, de Marabá)