Brasília – O presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer anunciar os nomes dos 16 ministérios que faltam para completar o seu time do primeiro escalão, além de cargos de 2º escalão do novo governo antes de sua posse no próximo domingo, dia 1º de janeiro. O petista se reunirá com líderes do PSD e MDB, além do núcleo duro do PT ainda nesta segunda-feira (26). A expectativa é que na terça-feira (27), a terceira rodade de anúncios deve ser feita.
Lula chegou ao meio-dia desta segunda-feira (26) de São Paulo, onde passou o Natal com a família e já está em reuniões para bater o martelo dos nomes qua ainda faltam em sua equipe.
Dos 37 ministérios, dos quais 21 já haviam sido oficializados na semana passada. Segue a expectativa para o futuro de aliados importantes, como a ex-ministra e deputada eleita por São Paulo, Marina Silva (Rede-SP), e a terceira colocada na eleição presidencial, a ex-senadora Simone Tebet (MDB-MS) — ambas ajudaram a campanha de Lula a construir o que se chamou de uma “frente ampla” na disputa contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
A tendência é que Marina Silva volte de fato ao Meio-Ambiente, cargo que já ocupou entre 2003 e 2008, nos primeiros governos Lula.
Uma das possibilidades ventiladas era de que Tebet ficasse com o Meio-Ambiente, enquanto Marina ficaria com o cargo de Autoridade do Clima, uma autarquia que deve ter papel relevante no próximo governo, incluindo em negociações internacionais (cargo como o do “czar do clima” que John Kerry ocupa no governo Joe Biden nos EUA). Mas Marina teria negado o cargo de Autoridade (o que ela não confirma). Além disso, houve resistência de organizações e ativistas ambientais sobre o nome de Tebet na pasta.
Uma das possibilidades que chegaram a ser ventiladas para Tebet é a pasta de Cidades, mas um imbróglio é que o MDB deseja também o cargo — o partido afirma que Tebet é da “cota pessoal” de Lula, e não um dos cargos da legenda. Tebet também é sondada para o Planejamento.
A princípio, a ex-senadora sabidamente pediu a pasta do Desenvolvimento Social, que cuida do Bolsa Família, mas o ministério era caro ao PT pelo histórico do partido com a pauta. O Desenvolvimento Social terminou ficando com o ex-governador do Piauí e senador eleito, Wellington Dias (PT-PI).
Líderes da “frente ampla” estão desconfortáveis com o apetite insaciável do PT que já emplacou 7 nomes dos ministérios já anunciados, contrariando uma promessa de Lula que havia prometido diversidade para governar.
Terceira rodada
Na terceira rodada de anúncio dos 16 ministros que faltam para fechar o time do primeiro escalão do novo governo, confira os nomes mais cotados para cada ministério:
• Marina Silva (Rede) – Meio Ambiente
• Alexandre Silveira (PSD) – Minas e Energia
• Carlos Fávaro (PSD) – Agricultura
• Elmar Nascimento (União Brasil) – Integração e Desenvolvimento Regional
• Paulo Pimenta (PT) – Secretaria de Comunicação
• Pedro Paulo (PSD) – Turismo
• Renan Filho (MDB) – Transportes
• Sônia Guajajara (Psol) – Povos Originários
A se confirmar a lista, haverá um número inédito de suplentes que assumirão o cargos dos titulares que serão ministros, na maior quantidade da história.
Agricultura
Dentre alguns dos ministérios que faltam ser anunciados, estão ainda pastas cruciais para a economia, como o Ministério da Agricultura. Fontes já afirmaram que o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) foi o escolhido, mas falta a oficialização do nome.
Fávaro foi eleito em 2018 e, antes disso, ganhou notoriedade pelo trabalho à frente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT).
Planejamento
Outro cargo aguardado é o do Ministério do Planejamento, que dividirá o grosso da pauta econômica com o Ministério da Fazenda (comandado por Fernando Haddad, do PT). Haddad e o vice-eleito Geraldo Alckmin (PSB) vinham tentando convencer o economista André Lara Resende, que participou da transição, a aceitar o cargo. Lara Resende já negou, mas acredita-se que o economista ainda possa mudar de ideia. Dentre os nomes ventilados estão ainda a própria Simone Tebet. O nome de Renan Filho também apareceu pela cota do MDB, mas a possibilidade é remota porque o próprio partido negociou o ministério do Transportes, negociação que teria sido sacramentada com Lula.
No caso de Tebet no Planejamento, o convite teria sido feito por Lula na sexta-feira, segundo o portal G1. Um dos entraves seria a falta de afinidade da senadora com a agenda econômica do PT. O cargo segue aberto e só reuniões nas próximas horas devem selar a questão.
Na semana passada, Lula já preencheu alguns dos postos chave que faltavam, como o Ministério da Educação (Camilo Santana, ex-governador do Ceará e senador eleito, do PT), da Saúde (Nísia Trindade, presidente da Fiocruz), das Relações Institucionais (Alexandre Padilha, do PT), da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (Geraldo Alckmin), entre outros. Veja a lista dos anunciados aqui e aqui.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.