Por Ulisses Pompeu – de Marabá
Pescadores de Marabá ligados à Colônia Z-30 reclamam de atrasos no pagamento do seguro-defeso 2016/2017. O benefício é pago em quatro parcelas, de um salário mínimo cada, durante os quatro meses da Piracema, quando as atividades de pesca são proibidas. Aqui na região do Rio Tocantins, o fenômeno da Piracema acontece entre os meses de novembro e fevereiro, e o temor dos pescadores se repetiu: até agora os pagamentos não foram realizados corretamente.
“Até hoje tem pescador que não recebeu nenhuma parcela do ano passado. É uma situação muito complicada, porque tiramos o nosso sustento disso, da pesca. Nessa época do ano, não podemos trabalhar, porque a fiscalização vem e toma todo o nosso material”, desabafa o pescador Francisco Ribeiro.
Para tentar manter as vendas, os pescadores precisam apelar para o comércio de peixes criados em cativeiro, o que representa prejuízos financeiros para quem depende da atividade. “Mesmo que a gente queira pescar, nessa época é mais difícil conseguir pegar algum peixe, porque eles estão desovando e ficam escondidos. Esse dinheiro do seguro deveria servir para manter a nossa família nesse período, mas, todos os anos, chega atrasado. O que um pai de família vai fazer? ”, questiona o pescador.
Éden da Silva Dias, pescador há mais de 14 anos, assim como outros na mesma condição, diz que recorre a pequenos “bicos” para sobreviver. “Estou parado, remendando rede para os outros. A situação fica difícil, porque até agora não recebemos esse dinheiro”, desabafou.
Já o pescador Raimundo Nonato, que trabalha há 38 anos na pesca no Rio Tocantins disse que ainda não recebeu o último seguro-defeso e que está vivendo de ajuda de alguns amigos e familiares. “Não tenho mais mulher, ela morreu, e meus filhos estão me ajudando enquanto aguardo o seguro”, diz.
Há 17 anos morando na Marabá Pioneira, Raimundo alega que não sabe fazer outra coisa da vida. “Uma vez eu pesquei aqui [durante o período de defeso] e acabei sendo pego pela fiscalização, que me aplicou uma multa de mais de R$10 mil”, relata.
Samara Fernanda Coelho de Souza, presidente da Colônia de Pescadores Z-30 disse que em novembro do ano passado deu entrada no processo dos 430 pescadores da Z-30 na superintendência do INSS, em Belém, e que até agora a lista ainda não foi colocada no sistema. “O INSS diz que os funcionários do órgão designados para essa função ainda não retornaram do recesso de fim de ano”, informou.